sábado, 26 de dezembro de 2009

Entre Parênteses

(Meu Deus! Pensei que esse ano nunca fosse acabar. Cada semestre me pareceu um ano. Longo e longo, sem fim. Não vou dizer que 2009 foi um ano, de todo, mau. Deve ter tido suas coisas boas, para os outros - talvez pra mim, também. O engraçado é que cada novo ano, para mim, se torna uma incógnita. Ah como era doce ter a certeza, meio que uma programação, de tudo o que aconteceria no ano que se aproximava! Doce nostalgia.
Mas, sabe, apesar de ser o desconhecido um dos meus medos, às vezes é gostoso senti-lo dar olá. E dou olá, com medo de me despedir.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Que Verdadeiramente Dói

Certamente eu estava cansada. A universidade conseguia consumir as últimas gotas de paciência que me restavam. E ainda sou, ou estou, paciente. Paciente de um médico. Este, ah!, este não me deixa dormir sem algumas pastilhinhas. E eu que pensava ser coisa de gente doida tomar essas coisas. Nem me dou ao trabalho de decorar os nomes dessas pastilhas. São tantas! O engraçado é que todas as caixas vêm com uma tarjinha preta, diferente das caixas que vejo nas vitrines das farmácias. Ruim é ter sempre que mostrar ao farmacêutico um papel com a assinatura do meu médico. Digo assinatura porque os rabiscos acima dela são incompreensíveis, não deve ser nada.

Sim, eu acordava. Acordava umas 7 vezes durante o sono. Muito ruim, muito ruim. E eu não tinha sonhos. Pelo menos eu não me lembrava de nenhum. Era uma escuridão sem fim, nos meus olhos. E todos os dias eu via o sol nascer. Ele nasce, ele morre. Todos os dias. Incansavelmente. O mesmo acontece com a gente: a gente nasce, a gente morre. Acho que ao dormir somos estagiários para a morte. Deve ser por isso que não consigo dormir, ultimamente.

Essa semana entrei de férias. Vou passar alguns meses sem ser consumida pelo meu cansaço mental. Lembro que meu médico pediu que eu o visitasse assim que as férias chegassem. Só não lembro se era no consultório ou na casa dele. Também, não importa... não sei onde ele mora, mesmo. Cansei, sabe? Cansei de ser perguntada com as mesmas perguntas de sempre. “Quantas horas está dormindo?”, “Está se alimentando direito?”, “E bebendo água, está?”. Eu detesto dar satisfação a desconhecidos. E a médico, então, nem se fala! Só faço isso por causa da minha mãe, que anda chorando pelos cantos com medo que eu tenha um peripaque. Ah, eu não entendo. Sou uma pessoa tão saudável! Só cansada.

É que abrir os olhos dói, respirar dói, sorrir dói, mexer os dedos dói. Dói tudo! Isso cansa, pede muito de mim. Disseram, outro dia, aqui no quarto do hospital, que, por sinal, tem uma maca extremamente desconfortável, que eu tinha muita força. Respondi que não. Porque se eu tivesse, eu não acharia que viver dói, e muito.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tentando Ser Sincera

Mas queria te dizer que eu não sou de pedra. Eu não sou uma rocha. Eu não sou um diamante em questão de dureza. Eu tenho sentimentos. Eu às vezes sinto.

sábado, 14 de novembro de 2009

Um Verso Só

Danem-se todos, todos e todos!

domingo, 8 de novembro de 2009

Desistindo da Humanidade

Desisti do mundo. Por ter preguiça de pensar em algo impossível, desisti do mundo. Este não tem mais jeito. Sou pessimista: só nascendo de novo para este mundo melhorar. E não pretendo ir para um lugar em que eu aprenda a linguagem dos pinguins para fugir do mundo. Gostaria de ir para a Lua e assistir ao show pirotécnico que um dia a própria humanidade me proporcionará. Obrigada.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Os Outros

Descobri. Descobri que meus problemas são os outros. Os outros são bastante complexos para mim. A culpa é sempre deles. Se tudo ficasse por minha conta, seria muito mais fácil. Eu resolveria muita coisa, mas não os meus problemas - que são os outros. Mas e se eu me isolasse do mundo, eu me isentaria do infortúnio que é conviver? Quem foi que disse que o homem é um ser social? Quanta asneira! Se os outros são os meus problemas, quais os problemas dos outros? Eu que não sou. Vai ver que outros outros também são os problemas desses outros. Não. Isso se tornaria um círculo vicioso, e de vícios eu estou fora; no vício eu não caio mais. É que meu vício é os outros. Porque sem eles, minha vida não seria. E não me contradigo. É que sou perfeita. Uma perfeita idiota.

domingo, 25 de outubro de 2009

O Dia de Amanhã

"Ninguém sabe o dia de amanhã", minha avó vive dizendo. Mas, vovó, sério: eu sei o dia de amanhã! Amanhã é segunda-feira e, certamente, estarei mais lascada do que hoje.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Desconhecidos

Ela morava sozinha. E se sentia sozinha. Até que, cansando dessa solidão amarga, pensou em pôr um anúncio num dos murais da Universidade em que estudava. O anúncio era simples, possuía o seu número de telefone e "Procuro estudante interessado em dividir um apartamento". Por ter feito uma coisa bem simples, pensou que ninguém se interessaria, ninguém ligaria pedindo informações. E teve que dividir a solidão com os livros, com as músicas em baixo som, com a televisão por mais uns quatro dias. Assistindo ao seu programa preferido, o telefone toca. Ela não atende; na verdade, nem escuta. No intervalo comercial, o telefone toca mais uma vez. Duas. Três. Até que ela resolveu se levantar do sofá para atender. Sim. Era um "estudante interessado em dividir um apartamento". Não conversaram muito - ela já tinha desacostumado a manter uma conversa por mais de cinco minutos. Estava combinado: no dia seguinte, ele já se mudaria. Quase se arrependendo do que havia feito, uma cefaléia forte não permitiu que ela saísse de casa no outro dia. A manhã passou, a tarde passou e a noite já estava adentrando na madrugada quando a campanhia toca. Mas quem seria àquela hora? O porteiro, talvez. Ou um vizinho pedindo uma xícara de açúcar. Um rapaz alto, de boné, calçando um all-star preto, apenas diz "Boa Noite" e entra no apartamento. Como assim? Que invasão domiciliar era aquela? Quanta ousadia! Entretanto, viu duas malas no chão, resolveu responder ao "Boa Noite" e voltar para o sofá - para ler o livro que acabara de ganhar da sua madrinha. Ele parece ser extrovertido, um verdadeiro gozador, pensou ela. Ela parece ser chata, provavelmente não sabe cozinhar, por isso quis pegar alguém para fazer uma escala para o Inferno aqui, pensou ele. Depois das boas-vindas dadas, ele ficou parado na sala, sem saber o que fazer, para onde ir. Até que ela percebeu a humilde presença de um homem de 1,92 na sala e disse que o quarto dele era o segundo à esquerda. Ele não sabia que ela era uma boa pessoa, mas sozinha. Uma pessoa inteligente, mas sozinha. Uma pessoa linda, mas sozinha. E ele não sabia que no dia seguinte era o aniversário dela. Na verdade, nem ela mesma lembrava. Puxa, ele deveria ser recebido um pouco melhor, sim?, pensou alto. Ouvindo um barulho na sala, ele pergunta se ela havia falado alguma coisa. Ela disse que não, mas que ele poderia ficar à vontade, que se sentisse, de fato, em casa. Mostrou-lhe as outras acomodações da casa; pronto, agora ele já estava familiarizado. E foram dormir. Ao acordar muito cedo, ela, já melhor da dor de cabeça, resolveu fazer um café-da-manhã para ele. Sim, e ela levaria até a sua cama. Seis horas da manhã, tudo pronto, mas nada de ele acordar. Havia morrido?, pensou. Não, não, eu que acordei cedo demais, repensou. Não mais suportanto aquela expectativa, ela resolve acordá-lo. Tocou nele, ele acordou, mas ela não soube o que dizer, então disse Bom Dia. Ele, sem entender nada, não respondeu, só a olhava nos olhos. Fiz para você, disse ela, é que ontem eu estava morrendo de dor de cabeça e nem estava me aguentando. Silêncio mútuo. Bom, espero que goste, juro que não pus veneno no suco de laranja. Veneno? Ela disse VENENO?, exclamou em seu pensamento. Calma, ela disse laranja? Como assim ela sabe que eu amo suco de laranja? Estou tendo um sonho e um pesadelo ao mesmo tempo, pensou ele. Ela saiu do quarto. Ao comer as maravilhas que ela havia preparado, percebeu que havia uma carta embaixo do jarrinho da orquídea. Ele leu, saiu correndo para sala, depois correu para a varanda. Olhou para baixo, lá estava ela. Por que, meu Deus? POR QUÊ?, gritou ele, do décimo andar. E ele chorou, chorou e chorou. Chorou por uma pessoa que mal havia conhecido, que mal havia visto direito, mas pela qual já dedicava tamanho carinho, tamanho afeto. A carta, bem, a carta ele, com 62 anos, guarda até hoje. Talvez fosse ela, a garota com 19 anos, a primeira mulher que amou.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

E-mail (nada) Confidencial

Alô, gatinhos do meu Brasil! Como vai a força de todos?!
Bom, estou aqui, nesta tarde de segunda-feira, tentando, desde 11h30, escrever algo decente para o nosso trabalho. No entanto, depois de quase duas horas, só consegui escrever 5 linhas. É, amigos, CINCO linhas, isso mesmo. Enfim, não estou aqui para chorar as pitombas (sim, bem sei que é pitangas, mas pitombas é mais romântico e gostosas, claro); estou aqui para enviar para vocês, Divos do Saber, um arquivo meio interessante que acabei achando na Terra-de-Ninguém, vulgo, Internet. Espero que, de alguma forma, isso ajude vocês.
Um forte abraço, uma boa sorte e um beijosmeliguem.
Da maravilhosa,
Gabi.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Primeiro Capítulo

Desde agosto desse ano, percebi que mudei muito. Quer dizer, algumas coisas na minha vida mudaram. Nunca fui daquelas garotas obcecadas por academia e dieta. Definitivamente, não. Mas depois de tanta insistência de uma amiga minha e, consequentemente, com a abertura de uma academia relativamente perto da minha casa, resolvi me matricular em uma. Sim. Já havia frequentado quando criança por imposição da minha mãe, mas dessa vez foi por vontade própria; aliás, quase. Daí em diante, comecei a perceber alguns costumes antes pouco reparados, novos vícios, novos hábitos. Sempre fui da geração 100% preguiça. Acordava super tarde, não tomava café-da-manhã, mal almoçava, comia muita besteira na universidade, jantava pouco. Não curtia nem pensar em atravessar a rua, quem dirá andar dois metros. Subir os dois lances de escada do meu centro, na universidade, era como subir os degraus para chegar até o satélite da Terra.
Agosto foi como um pontapé da consciência que estava adormecida há alguns anos. Outra Gabriela nascia. Tá, nascer é um pouco de exagero, mas posso dizer que outra Gabriela... Hm, não sei. O que sei é que “quem me viu, quem me vê” não consegue notar muita diferença. Mas, para mim, que convivo comigo, obrigatoriamente, todos os dias, todas as horas, minutos e segundos, eu mudei à beça. Diariamente, acordo às 5h15. Passei a tomar café-da-manhã – tudo porque meu corpo é fraco. Almoço melhor, mas ainda peco neste ponto. Estou tomando quase dois litros d’água, que para mim não diz nada, não acredito nesses mitos sobre os dois litros d’água que vagam por aí. Hoje posso andar dois metros sem me cansar, até 5, 6, 9... Passei a me viciar mais em mostarda. Descobri que amo o Trident de canela. Estou comendo menos carne vermelha, como prometido no início desse ano – só não compus a música que prometi fazer para Lenine. Estou sendo obrigada, pelo calor da minha amada cidade, a tomar cerca de cinco banhos por dia. Ultimamente, venho, ainda com mínima frequência, pagando meia-entrada para o Inferno: CDU-Várzea (vale salientar que por castigo de Deus, por estar cometendo este 8º pecado capital, fui parar em um bairro muito gracioso da cidade do Recife: Monsenhor Fabrício). Estou ficando mais chata do que já era, mas sem perder a educação – às vezes. Estou me preocupando menos em tentar manter uma conversa com uma pessoa com a qual não tenho sequer a intimidade de saber o ônibus que pega para ir para casa. E agora estou percebendo outra coisa: sempre prezei pela minha privacidade começando por não contar detalhes da minha vida, muito menos os meus sobrenomes, para Deus e o mundo; no entanto, estou cá contando coisas que jamais me imaginaria contando sequer para um tio meu que não me vê há quase dois anos.
Esse ano foi engraçado, está sendo. Não sei se estou começando a perceber as coisas pelo fato de, de certa forma, acreditar que o Fim está próximo, mas sei que coisas estranhas, de fato, acontecem. Estou procurando me preocupar menos, sem nunca perder aquela minha velha mania da responsabilidade. A velha pontualidade mais-que-britânica ainda me persegue. Meu humor até que varia, mas acho que não perdi sua essência. Continuo apaixonada por bem-casado, mesmo estando comendo mais brigadeiro. Permaneço amando a Literatura, a Língua Espanhola. Clarice Lispector ainda é minha musa inspiradora. Pablo Neruda ainda me faz chorar. Pitomba ainda é minha fruta preferida. Meus amigos são os mesmos, meu amor por eles também, com exceção da intensidade que sempre aumenta. Todo mês ainda compro a Revista Astral para ver o que Bidu tem a me dizer. Continuo preocupada com os problemas do mundo, mesmo tendo desistido de boa parte dele. Continuo odiando ter que acordar cedo e pegar ônibus lotado. Detestando a injustiça, a falta de respeito e fígado e galinha guisada. Sempre cansando de alguma pessoa, embora no outro dia já não esteja tão cansada dela assim. Sempre mudando, sempre permanecendo. Mas nunca esquecendo que é tempo. Tempo de ser.

sábado, 3 de outubro de 2009

Greve

Sim, estou em greve. Volto quando der, obrigada.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Delírio

Vou me afogar naquilo que se chama dor
Segurar as lágrimas, balbuciar memórias
Encontrar o trilho que se descarrilhou
A tangente foi a minha vida

Vou estatizar sentimentos
Ouvir os lamentos de quem quer amor
Eu vou vestir a fantasia de um super-herói
Fazer a verdade refletir num espelho convexo
Fazer a minha convenção

Vou tirar a vida de uma pessoa
Martirizar aquela que tirou a minha
Pular de um precipício
Entender o mundo de dentro pra fora

Embora não precise ser douto, saberá que foi amor.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Para a Misericórdia

Não tenho guardado tempo nem para a minha misericórdia. E eu sinto falta disso.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Do meio-dia

Não sei por que eu me sinto assim. Aquele sonho me deu medo. Continua dando. Acho que ele representa uma fase da minha vida que morreu e outra que está nascendo. Sim, é por partes. Às vezes eu sinto saudade de coisas que nunca vivi. Acho que é falta, mesmo. Mas sentir falta ou saudade não é a mesma coisa?

Eu olho ao redor. Tanta gente, tanta vida. Tanto amor... Ando meio assustada com a Vida, ela gosta de pregar peças; e depois vem dizer que o Tempo cura tudo. Não ponha personagens na sua história nem na minha, sim, Vida? Eu não quero. Eu quero mesmo é a singeleza de respirar. Quero olhar para aquele que está ao meu lado e dizer que... Mas não há aquele. Há a falta.

Sonhos não fazem a realidade, alimentam-na. Não posso mais viver sonhando, tenho que agir. É verdade que ambiciono muitas coisas, embora seja também verdade o fato de sempre esperar. "Um dia há de acontecer". Esse meu mau-humor enrustido é reflexo de uma espera infinita, de uma insaciável busca. De quê, meu Deus? De quê?!

Não quero e não posso ser assim, desse jeito. Entende? Cadê a mudança? Aquela luz, quase solar, do meu sonho, seria a mudança? O universo em que vivo é paralelo, instantâneo. Submeto-me à esperança que é substantivo valencial. No entanto, quero a morte de uma específica esperança: justo aquela que me faz acreditar que uma intensa felicidade está por vir. Não vi ninguém. Não vem ninguém. Ninguém. E mesmo que viesse, seria tão irreal que até a própria irrealidade o transferiria para a surrealidade. A gente se impede de crer em milagres. Mas te revelo um segredo: eles existem.

No que me diz respeito à vida, posso afirmar que seu verbo é intransitivo (depende do sentido, eu sei). Viver basta. No entanto, é preciso aprender tal intransitividade. Não vive-se só por viver. Viver exige muito. Talvez exija todos os verbos para completar-se. É dizer: vivi porque amei, sofri, chorei, calei, fui feliz, me arrependi... Talvez viver não seja tão intransitivo assim. Talvez morrer seja mais fácil, mais volátil.

Encontro-me com meu destino. E ele diz: segue!. Para onde, amigo, para qual direção? Só tenho medo de voltar. Começar do início é sempre perder o já-foi, o já-aconteceu. Dúvidas permeiam uma mente. Uma sexta-feira precisa de um sábado para saber que existe e ter o seu valor. É o peso de vir antes, anteceder aquilo que já é.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Dizendo

Ando tão abusada e cansada de tudo que nem paciência eu tenho para postar aqui no blog, uma coisa que, até tempo atrás, eu adorava fazer.
O que está havendo com o mundo? Vamos pensar um pouco...


O problema é comigo.

sábado, 12 de setembro de 2009

Tem Limite

Porcento. Inpingido. Metereológicas. Homo-saphiens. Céculo. Cilmento. Ves. Cazados. Preciza. Deicha. Coiza. Ameasa. Umilha. Justisa. Maxista.
Preconceito Linguístico? Não, meu Deus, para tudo tem limite, sim?!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Almanaque Astral

Bem que a previsão diária do zodíaco poderia vir com alertas do tipo "hoje você será assaltada" ou "cuidado ao sair de casa, risco de acidente", né? Bidu, um dia você chega lá!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Muda-se

Mas e se alguém pegar meus antigos cadernos e não conseguir enxergar a Gabriela que um dia existiu? Por que muda-se? Por que mudamos? Não seria mais fácil permanecer?
Até que um dia fez-se sol, e choveu.

domingo, 6 de setembro de 2009

Portugal

Cam(ar)ões me faz(em) sentir o cheiro do mar salgado... quanto do teu sal!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Salvação

Deus, por favor, me salve deste infortúnio. Deste sacrifício que se chama Aula de Linguística 2, com Judith Hoffnagel. Ó Senhor, eu Te imploro!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mentira

É tudo mentira! Sim! É tudo mentira... Eu sei, é triste, mas é mentira. É assustador, mas, sinto, é tudo mentira. Não acredite em nada, por favor, é tudo mentira. Maior ainda: mentira e mentira. Ou pior: está tudo impregnado de mentira. A verdade, se não minto, é que a mentira nada mais é que uma mentira. Quantas? E onde estão? Para onde irão? E vão, vão, vão. Em vão, não, vão. Mais uma vez, mentira. Desculpe. Já menti demais. Sim, isso... e tudo, tudo, tudo: sou, és, é, somos, sois, são men... ti... ra. Reconvexo, já!

domingo, 30 de agosto de 2009

Itinerante

Não poderia ser pior. Sua ausência num domingo à noite, a ausência de si mesma. O sangue em busca das veias para chegar ao coração que pouco pulsa. A disritmia relacionada ao desalento de um domingo qualquer, de um desassossego interior. O chá esquecido, deixado frio numa xícara de café. A tela multicolorida, um Pinochet. A misericórdia de Deus ao proporcionar a esperança de uma nova semana. O quebradiço jeito de andar. As misteriosas vozes que nada dizem, nada falam, silenciam. O tango argentino tocado ao modo do sentir. Brusca inteligência. O cansaço visual, a proibição da leitura. O que poderia ser pior? Lâmpadas apagadas, a luz no fim do quarto, a sorte, a segunda à espera da terça. O (des)amor.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Pasta de Dente

Modo de usar: aplicar levemente sobre picadas de muriçocas da espécie culex quinquefasciatu, do gênero CAC.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Suicida

Assassino de si.

domingo, 23 de agosto de 2009

Da Crueldade

- Nada pior pode me acontecer fora esse descaso teu
- Pois atenta para o que pode vir a acontecer contigo
- Não há acontecimento mais trágico e cruel que este ocorrido há pouco
- Fica com essa tua inspiração efêmera e não esqueces das minhas palavras
- Jamais esquecerei daquelas proferidas, que foram lançadas como espinhos venenosos em meu peito
- Pois que assim seja!
- E assim será!
- Não há como eu tragar esse teu drama bucólico. Faz o que te digo e não desaponta-me.
- Nem há para mim como digerir tamanha indelicadeza e falta de sentimento para comigo. não hás de ser mais cruel comigo porque não hei de deixar jamais, pois para desapontar-te farei o possível e aquilo que fora estiver de meu alcance.
- Então dirige-te a beira do precipício e vê quão profundo é meu desprezo por tua atitude. Ignoro-te tal qual o vento gélido do inverno. Tuas palavras já não me importam mais.
- Pois terei por nome de precipício aquele conhecido por Centro de Filosofia e Ciências Humanas, para que teu remorso seja tamanho e sintas o vento gélido do inverno ressoar em teus ouvidos, que tua espinha paralise ao entrar em contato com tamanha desgraça induzida por ti. Palavras minhas não poderás mais querer escutar, mas clamores de misericórdia de minha alma te atormentarão durante teu sono.
- Atormentar-me jamais irás! Nunca morrerás, ó vil criatura, estás nesse plano apenas pra atormentar aqueles que são fracos de mente... sou um ser evoluído comparado a ti! Os reflexos de tuas ações não agem sobre minha entidade!
- Estilei!!!

Carmen

Carmencita
Carmen excita
Carmen hesita.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pagando Meus Pecados

Perdido. Alguém consegue se perder de si? Situação caótica a qual eu me encontrei hoje; não me encontrei, me perdi. Refletindo sobre tal situação, pude comprovar, de fato, que o sono é um ótimo "iludidor" ótico. Um mágico, eu diria. Como é possível uma pessoa se guiar pelo primeiro e último número do ônibus sabendo que há um terceiro número no meio mas que não olha. É nisso que dá pagar passagem para o inferno. Sorte minha que só pago "meia-entrada". Engraçado foi ter dito a uma amiga minha que seria uma vergonha me perder na minha cidade natal. Preciso controlar esses meus pensamentos. Acho que foi a primeira vez que dormi no transporte "público" de Recife. A Avenida Caxangá passou a ter uma curva para a direita... Estaria eu no bairro da Várzea? Ah, sonho meu! Um primeiro pensamento foi o de ficar até o terminal da linha e voltar com outro motorista para a tão querida Caxangá. O problema foi o fim chegar. Nunca esperei tanto por um fim - ou já esperei? O que houve, minha filha?, diz o motorista. Acho que peguei o ônibus errado, moço, e agora?, murmuro quase morrendo. Aquilo não poderia estar acontecendo com uma garota com quase 19 anos na cara que anda de ônibus faz um século. Até que desço do ônibus e... SIM!, isto estava acontecendo comigo. Que lugar era aquele, meu Deus? Crianças quase nuas me rodeando, um cachorro de gravata mordendo quem passava na rua, um garoto com deficiência mental empinando uma mini-pipa de papel (juro que vi a hora de ele querer pegar meu caderno pra terminar sua pipa), um jovem avisando ao motorista que estava ali... Não que no meu bairro não tenha isso, claro. Mas tudo parecia aguçado demais aos meus seis (SIM, seis) sentidos, principalmente ao sexto - que me alertava que a aventura não pararia por ali. Vinte minutos depois, embarco em um outro ônibus da mesma linha. Motorista e cobrador rindo horrores da minha cara. Não seria normal uma estudante que queria ir para a Cidade Universitária parar em Monsenhor Fabrício, seria? Ao ter a peculiar mania de sentar na parte de trás do ônibus, só fiz, como dizem por aqui, papel de palhaça - coisa que já é comum visto que, ao que parece, tem escrito tal informação na minha testa. A cada lombada, eu via, pelo retrovisor, e ouvia as risadas de prazer do motorista ao me ver pinotando naqueles assentos confortabilíssimos. Eu poderia ter desenvolvido uma hérnia de disco, sim? Foi triste. Foi triste ouvir minha mãe perguntar gritando se eu não sabia ler. Mas paguei os meus pecados. Paguei os meus pecados e os pecados de todos aqueles que um dia eu conheci. Quase me tornei Jesus. Para completar, em plena Encruzilhada (sugestivo, não?), quase ia morrendo atropelada. Antes fosse por um ônibus. Mas por uma moto? JAMAIS! Que pare.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

De Duas Semanas

Nunca havia mudado de concepção. Jamais esperaria que remalina fosse aquilo que tiraria daqui a quinze minutos. O nervosismo sempre a faz calar. O medo não consegue transparecer em seus meticulosos gestos. A espera dela, deles. Uma confirmação pela metade não satisfez sua esperança; outro dia a esperar. E o silêncio, o silêncio, o silêncio. Conversas em tons baixos pelos corredores sem janelas. Portas entreabertas, portas. A corrida para casa, o cansaço, o temor e o sono. Nunca esquecera que a união, realmente, fazia a força; e que estar junto é ser um. Lágrimas jorradas para o outro lado do corpo que não é o de fora. A notícia não poderia ser melhor. A conversa descontraída. Os sorrisos frouxos no canto da boca. As risadas tímidas. O olhar tranquilo. O alívio e o cansaço. A força, no fim de tudo. E a vontade de mudar, sempre.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Hino

Minha gente, é sério. Juro que estou aqui no quarto e ouvi um passarinho "cantando' o Hino Nacional Brasileiro. JURO! *medo*

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Subnick

Me duele la cabeza, me duele este cuerpo, me duele la muerte...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Da Noção

Estamos no verão?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pensando Bem...

Pensando bem, eu vou começar a cobrar por cada informação dada ao ser humano que vier me perguntar alguma coisa no Hiper Bompreço. Eu tenho cara de atendente, tenho? Esse é o problema em ter "Sou Carente, Fale Comigo" escrito na testa.

domingo, 26 de julho de 2009

Divagando

Com 850 km/h eu consigo, próximo de sete horas, chegar àquele lugar, fim de território. Consigo fortalecer lembranças, sentimentos e psicoses. Posso esquecer de tudo, também. Mas só por enquanto. E eu não sei por quanto tempo o por enquanto pode durar. Simples quilômetros; alguns mil-pés, quem sabe. E a profusa incerteza da certeza que está lá, no meio da vertical. Nada tão estranho assim. Sim, algo familiar. Descoberta animalesca, quando penso num mamífero de quatro patas que late, mas não uiva. Alguma saudade restante no peito. Na verdade, no meio da dupla. A sensação quase imediata de que aquela amizade é inesgotável por mais incômodo que o barulho paradoxal do silêncio possa representar. É o choro engolido do outro lado da linha. É a descoberta de uma maçã no escuro. Não é sertão, mas tem veredas. É a permanência de uma idéia, talvez de sonhos. Encantamento ocular. Possivelmente, a curiosidade que paralisa. Talvez, a incompreensão humana diante dos sentimentos. E volto com saudade daquilo que ficou e daqueles que permaneceram, sempre, dentro de mim.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mas

É que o frio não me deixa existir.
E sinto.
Sinto.
Sinto...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Imagine

Não sei com que propósito esta lembrança assaltou meu pensamento. Mas posso afirmar, com convicção, o ano em que aconteceu: 2005. Aniversário da minha mãe. 19.

- Tu é rica, né?
- Rica? Eu? Não...
- É, sim! Tu tem uma casa, tem câmera digital, tem celular, tem cabelo liso...
- (...)
- Ah! E ainda usa aparelho! Minha mãe disse que quem usa aparelho é rico.
- (...)
- Agora diga se num é!
- Não, sou não. Rapidinho, vovó tá me chamando...

Qual o pensamento que perpetua na cabeça dessas crianças carentes, em todos os sentidos da palavra? Foi nesse instante que pude, de fato, reconhecer o quão arbitrária uma imagem pode ser. Não a imagem estática, captada por uma máquina fotográfica. Mas a imagem, nua e crua, criada, transformada e adaptada por aqueles que querem ver, sentir, imag(em)inar.

domingo, 5 de julho de 2009

Da lama ao caos

Um menino de, mais ou menos, seis anos de idade, com um ar de suicida, tenta assustar a mim e a uma amiga minha enquanto esperávamos outra amiga nossa voltar do passeio de Titanic, no Marco Zero. Ele se aproxima, nos olha e grita Eu vou pular! Sem saber o que dizer, eu respondo Vai-te embora! E ele pula... Mas ele volta. Não sei se gostando da brincadeira, ele vem em nossa direção e com uma cara de "repare", disse Lá vai eu de novo!, e eu, respondo Simbooora!. Mas... para quê? Chega a família dele, tamanho família (dã!), querendo apostar com "a moça aqui" que o mestre, digo, o pai iria pegar lama no fundo do mar. Automaticamente eu respondo Oxe, eu num aposto nada, não. Vai que tu morre no meio do caminho!. Doido para pegar "a moça aqui", ele diz que já fez isso várias outras vezes e que nunca morreu (percebe-se, sim?). Eu disse que não apostaria nada porque eu não tinha dinheiro. Os inúmeros filhos, os sobrinhos, os netos, ou sejam lá o que sejam, olharam para o meu relógio, para a minha cara e se puseram a gargalhar AHAHA a moça aqui num tem dinheiro, não, pô! Alô, galera, qual o problema, hein? Eu só não havia completado a frase "eu não tenho dinheiro para dar a vocês!". Pensado e quase dito isso, eu e meus amigos corremos em direção à Rua da Moeda, e lá, bem... lá queriam cortar o cabelo de alguém!

sábado, 4 de julho de 2009

Coração

Dia desses, eu, num diálogo muito distante da realidade, disse, preocupada, a minha mãe: "mãe, meu coração 'tá doendo". Ela, muito mais conhecedora do corpo humano que eu, responde: "coração não dói, Lela".
Não? Como assim não? Talvez estivéssemos falando de dores distintas. De corações também, quem sabe...

Veredas

Guimarães, viver é muito perigoso. Por isso volta e vamos viver perigosamente, gato!

Poe

Allan Poe, você é o meu gato preto numa sexta-feira 13 de 2666. Encontre-me daqui a sete dias na Rua Morgue.
Sangue,
Gabriela.

sábado, 27 de junho de 2009

Senzala

- Hmmm... Olha, Top, Motel Senzala!
- Aham...
- Eita, olha! O preço 'tá bom, Top?
- Mas olha que tu perguntou pra pessoa certa, visse?! Mas é cada uma...

sábado, 13 de junho de 2009

Um Ano

Só agora me dei conta de que este projeto de blog completou um ano de existência. Que conquista, hein, Gabriela? O que antes era apenas um local provisório para a escrita de qualquer palavra solta - o que ainda é, de fato -, já fez aniversário. Nunca pensei que eu, inconstante que sou, permaneceria com este blog por tanto tempo assim. Na verdade, a gente nunca pensa nisso. E eis que me vejo aqui, apegada. Falta-me a coragem de ir em "configurações" e apertar "sim" em "desejar excluir este blog?" (eu nem sei se é assim, mesmo). Tudo isso pelo simples motivo da lembrança, da memória. Eu, pessoa que necessita destas para saber que viveu, e ainda vive. E eu já nem sei se isso já pode ser considerado uma declaração ridícula de amor. De amor/afeto ao blog ou aos que foram personagens fiéis (DANE-SE, REFORMA ORTOGRÁFICA!) deste um ano que foi completado e de momentos de outros aqui relatados. Mania besta do apego. Mania difícil da libertação.

Obs.: Santo Antônio, meu amor! Ou você me dá um noivo, ou eu roubo o seu Senhor!

sábado, 30 de maio de 2009

...

Sei lá. Eu não sei. Só sei que me deu um aperto imenso no peito. Assistindo a um vídeo do YouTube, senti como se hoje fosse meu último dia, sabe? Senti saudade de tudo, de tudo mesmo. Deixei que centenas de lágrimas caíssem dos meus olhos. Saudade da vida. Vontade de gritar para os quatro cantos do mundo o quanto amo cada pessoa que mora no meu coração. Vontade de viver cada minuto, cada segundo como, de fato, fosse único e último. Viver intensamente. Vontade de parar o trânsito da Avenida Caxangá ou a Avenida Governador Agamenon Magalhães para agradecer a Deus por ter saúde, ter amigos e ter família. Vontade de aumentar o volume do som que está tocando um dos meus cantores preferidos. Vontade de me lançar na chuva quando tudo o que mais quero é me lançar nessa roda-viva. Vontade de ajudar. Impotência. A esperança. É a luta incansável. É a vida.
Nós só temos a mínima noção do que é isso quando alguém muito querido da sua família passou por algo muito parecido, e com muita fé, força, carinho e esperança, esse alguém conseguiu vencer aquilo que se entendia por impossível.
O vídeo? http://www.youtube.com/watch?v=O8Vhhlg1HaE
Força, Aline! Força e perseverança! Você não está sozinha!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando Foi Outra (6)

Sete pessoas. Era essa a quantidade de pessoas que estava no velório. Enzo não era tão querido. Ou melhor, as pessoas tinham medo da sua profissão, por isso a não aproximação. A alma dele estaria triste ao ver poucas pessoas, cinco corbelles, duas velas e um corpo humano? Antes ser uma centopeia repleta de patas. Antes ser uma flor cheia de pétalas. Antes não ter existido. Oito. Oito pessoas, agora. Sandra acabara de chegar. Única sem óculos escuros, única com laço roxo no pescoço, único amor puro, única a não chorar. Para ela, era fácil demais olhar um corpo que dormia; difícil era ter a consciência do que é a morte. Mistério este que homem nenhum se atreve a desvendar. Helena já não cabia em si. Sem marido, sem filhos, sem os passos virados para o futuro. Os mortos sabem mais que os vivos, pensava Sandra ao olhar para o caixão. Na hora do sepultamento, Sandra resolveu se jogar à sete palmos do chão. E sete pessoas sobraram.

sábado, 23 de maio de 2009

Es locura

Eu sempre ando sem tempo para nada. Ou melhor, eu não sei mais o que é ter tempo para nada. Aliás, perdi a noção do tempo faz duas semanas. Mas ainda consigo, em meio a tanta tarefa, ligar o mp3 e ler Saramago. Hoje a bexiga de São Pedro estava cheia e ele, sentindo o clima da moradia do anjo decaído, resolveu mandar alguns milímetros de água benta. Às vezes chego a pensar que tanta água caída do céu provém de tanto suor evaporado dessa população pernambucana. Metade é meu, digo logo. Qualquer dia desses iremos trocar os ônibus por botes, barcos e afins. Depois de ter praticado quase 7km rasos – ou nem tão rasos assim-, me deslocando de Recife (Bruna, sem brincadeiras, ok? Eu moro em Recife, SIM!) para Olinda, eu decido me sentar para descanso antes dos infartos múltiplos que me esperavam. Não demorou muito para que um dos seres estranhos daquele lugar viesse me procurar. Passou por mim, e não falou nada. Voltou para sabe-se onde. Retornou para o lugar onde eu estava, e, mais uma vez, permaneceu em silêncio. Esse menino é estranho, penso eu. Ele carregava algumas folhas na mão direita; percebo, então, que estas foram escritas para mim, visto o modelo delas. O menino voltou para o corredor ao lado, meio trêmulo por sinal. Daí começar a minha agonia e minha impaciência e minha alegria. Vergonha é um caso sério. Ou seria timidez? Eu não mordo à luz dia, gato. Só à noite. Não vê meus dentes afiados? Uso óculos escuros porque não tenho colírio. Sou vampiro, sim?, penso. Até que a coragem do menino chegou. Que rufem os tambores, por favor. Posso entregar?, ele pergunta. Claro, respondo. Dois segundos de silêncio. É tema novo?, silêncio quebrado. E o menino corre, corre com pernas de quem foge. Mas foge de quê, meu Deus? Boa tarde, ainda gritei.

domingo, 17 de maio de 2009

Íris

O céu em fúria. Não permitiam a minha resposta ao meu medo. O ônibus cessava o meu grito. Difícil é acreditar que logo cedo, horas atrás, eu havia visto um arco-íris. Mundo louco, louco mundo. Eu prefiro ficar só, só pensando no que o símbolo feito em um anel pode significar. Uma estrela para uma estrela. O brilho eterno.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Río Abajo

Uma preguiça sem fim tomava conta dela. Nos dois sentidos, mesmo. A possuía e dela cuidava. Uma segunda-feira vazia, uma fria manhã. Acordou e sentiu o cheiro de terra molhada. Pela janela viu a chuva cair, vontade louca de quedar. A cama é abrigo com o seu lençol e os quatro travesseiros; o devaneio de qualquer coisa é sempre abrigado pela sua mente. Não houve primeiro pensamento quando acordou, apenas conclusões: respiro, hoje é segunda, lá fora chove. Um chamado ecoava pela casa. Era ela mesma chamando sua avó. A preguiça era tamanha para se levantar e pegar o telefone no quarto ao lado. Há aula neste dia chuvoso. Poderia ser manhã de domingo, não? Mas não é. Havia o banho, havia o almoço, mas havia a sua cama. Não há preguiça para responsabilidades. Houve o banho, houve o almoço, houve a vontade de ficar, mas não houve a coragem. O dia merecia uma boa poesia. Na verdade, era ela quem precisava. Olhou para a mesa e não pensou uma vez sequer: Neftalí Reyes. Era ele. Era aquele. O rio invisível que corta a sua vida, rio cujas vertentes até podem ser sentidas. Saiu. Pensou no transporte que não vinha, nos amigos que lhe importam, no atraso que sucederia, na vida que se segue. Obrigada, meu Deus, posso andar. Lembrou que o livro estava na pasta, mas preferiu não ler. Esperava por um momento. Não o certo, mas o esperava. Permitiu-se escrever um texto, não quis arriscar o acaso de uma página daquele livro. O caso é perigoso demais. Sua vida, pelo menos neste dia, estava pacata. Os perigos só existem fora de seu corpo, com a velocidade da brisa, a distância de uma nuvem para a outra, o barulho automotivo. O receio do não. A simplicidade do sim. A incerteza do talvez. Talvez devesse abrir o livro, talvez devesse deixá-lo permanecer fechado. Mas só talvez. Ela gostaria de ouvir o que aquele chileno tinha para lhe contar. Abriu o livro e havia na página aberta um último verso: Irmão, sem que tu saibas, chegará a morte... Não poderia ser visto verso mais fugaz. Sua melancolia transparecia no seu mau humor. Nada estava errado, nada estava certo. Era por isso que carregava um invisível rio em suas veias...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cultura Brasileira

Enquanto isso, no orkut:

"já são duas da manhã e eu não dormi quase nada só em pensar que o trabalho não iria acabar, anco passa esse esse castigo, o amante é meu livro, se eu não estudar por ele, eu não saberei demais..."

¬¬

sábado, 2 de maio de 2009

Revoltas Internetianas

Enquanto isso, no orkut:

tuxo, meu querido, eu, como boa brasileira, desisto! vou-me embora para o quarto, lá sou amiga dos travesseiros, terei os sonhos que eu quero, na cama que escolherei!

Dos Besteiróis Descobertos

22/04/09: hoje, fazendo o 1º exercício escolar (universidade Q) de Literatura Portuguesa, procurei utilizar o grande Aurélio. Ah, Aurélio, queria eu ter a tua sabedoria. Vi nele duas palavras que eu já havia visto, mas uma com um sentido diferente do que eu pensava e a outra... bem, é a outra.
Morgue!, dizia eu para os meus amigos, quando criança. HaHaHa. Nunca imaginaria, até hoje pela manhã, que tal palavra significa necrotério. Sorte deles que nenhum morreu. Imagine hoje o trauma que eu carregaria! Já não basta a vergonha de ser tachada como macumbeira, imagine isso. Não. Não mesmo. Sorte deles ou sorte minha? Sorte minha também. Mas guardaria comigo este segredo até a morgue. A outra palavra? Ah, mormente esqueci.

Cobrindo e Encobrindo

Hoje saí de casa. Despedi-me da minha avó e segui. Trinta minutos de espera, trinta minutos pensando em. Sigo para outro ponto de ônibus. Cinco minutos de espera, cinco minutos pensando se o transporte vem ou não. Entro nele, "boa tarde, moço" e me sentei ao lado de, talvez, uma estudante da língua inglesa visto o seu dicionário de inglês dentro da pasta. Tenho cara de médica? Alguns segundos passados para a possível estudante falar mal de Lula. "Desculpe, ele é meu tio", deu vontade de dizer. A gripe suína a assusta. Se um mexicano vier para cá, ela se mata. "Desculpe mais uma vez, mas sou da Cidade do México". Deveria ter dito essas coisas conhecidas como "foras", mas dei satisfação da minha vida. De que não assisti ao Globo Repórter porque estava no Cine PE, de que eu estava indo trabalhar, de que minha mãe havia visto parte do programa. Impensavelmente eu disse. Disse porque eu queria parar de pensar. Olhar para o lado direito e ver a imensidão do mar. Eu tive medo de citar o nome. Mas é um segredo que nem meu coração conseguiu descobrir. E cubro por inteiro.

terça-feira, 28 de abril de 2009

28/04/09

Qual pessoa acordaria às 5h15 da manhã para ter uma aula que só irá começar às 9h? Pergunto mais: qual estudante se arriscaria a chegar por volta das 6h45 na universidade, comprar cinco chicletes e um jornal que traz como manchete principal "MULHERES SEM PENA DOS PINTOS", sentar num chão nada limpo, ouvir Tribalistas e escrever esse texto?
Talvez uma desocupada em potencial que poderia dormir mais uma hora já que gosta tanto de dormir. Ou talvez uma preocupada com os serviços de transportes coletivos da sua cidade e, por isso, não arrisca seu "bem-estar". Mais ainda: uma das poucas pessoas que faz questão de apreciar, sem nenhum motivo aparente, a temperatura amena que faz de manhãzinha na sua cidade, ouvir o canto de alguns passarinhos que instem em cantar em sua janela e observar as pessoas andando nas ruas com um caminho certo, mas sem rumo, sem destino. Chuviscava pela manhã.

sábado, 25 de abril de 2009

Questionando

No transporte coletivo, filho pergunta a mãe:
- Mãe, o galo voa?
- Não.
- E por que ele tem asas?

Qual?

Qual palavra utilizar para designar aquele que não tem sentimento?
Gabriela.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mortífera

Não vou mentir. Tenho medo da morte. Tenho. Tenho, sim! E não me acho mais covarde por isso. Também não vou dizer que me acho a mãe-coragem por isso. Apenas tenho medo. Não sei se uso morte com letra maiúscula ou minúscula, ela me enche de dúvidas. Medo da morte, também medo de morrer. E é por isso que escrevo essas palavras anexadas ao delírio. Eu não gostaria de morrer sem dizer algumas coisas, mais do que fazer. Mas dizer já é fazer, não? 
Achei que fosse escrever aqui tudo, ou pelo menos tentar, o que eu queria dizer. Mas não vou. É cansativo só de pensar. Acho que vou começar a andar com uma cartinha meio que suicida na bolsa. Um resumo básico (pleonasmo?) do que eu gostaria de dizer aos meus parentes, aos meus amigos e àqueles que eu nem cheguei a conhecer. Escreverei. Porém não hoje, nem amanhã, nem esse ano. Vou tentando adiar a morte, enganando-a como posso. Ou imaginando que.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Devaneio

Se antes eu reclamava que o pôr-do-sol estava demorando a ser iniciado, hoje reclamo que a noite está chegando rápido demais. A melancolia e o mistério de um começo noturno exalam uma sutil solidão. Solidão que, de certa forma, crescerá quando as gotas de chuva a acompanharem. É com ternura que as flores se fecham, que o sol se vai, que a lua chega, que a brisa transporta qualquer pensamento solto para aqueles que acordam lá. A sensação inefável que um demasiado humano sente ao pôr a cabeça fora da janela contrapõe-se ao mais ilegal sentimento de hoje. Liberdade. A loucura, pensava eu quando criança, é loucura. Os loucos causam inveja. Inveja por fazerem e dizerem qualquer coisa sem receio de que possa parecer real ou não. É tudo uma questão de ponto de vista. Interesso-me por saber se as borboletas vivem mais que três dias. Natureza selvagem, repito. Inimaginável é crer que as coisas estão em permanente mutação. Antes. Agora. Depois. É a inconstância que nos mantém alheios ao real. Ou seria o contrário? Diversões à parte, ninguém conhece a alegria plena. Eu conheço. Sou um tanto quanto paradoxal, mas me repito sempre. Às vezes chego a pensar que a falta de intimidade é o que me assusta. Calma. Falo da falta de intimidade daquelas pessoas íntimas. Mentira finca bases destrutíveis, assim como toda verdade também. É gélida a noite. Mas mais gélida ainda é a minha sanidade. Saudade vã.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Às vezes

Às vezes sou peixe. Durmo acordada e respiro. Às vezes também tenho sonhos. Mas só às vezes.

Sabe?

Eu não sei, sabe? Eu não fui, sabe? Eu não tenho, sabe? Eu não digo, sabe? Eu não leio, sabe? Maldita hora em que saí de casa!

Eles

Eu os vi de dia
Eu os vi de noite
Os vi pelas ruas vazias
Os vi por todos os lados

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Chamado

Pedi que me telefonasse. Não sei a quem pedi. Não sei a que santo, a que força, a que alguém. Mas era você que deveria telefonar, alvo de meu pedido, de todo um desejo incondicional. Estou com sono, acho que vou morrer, mas amanhã eu acordo e outra alma estará neste corpo que não é meu, que não é seu nem nosso. Outros ouvirão o meu chamado. E outros virão.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

De Manhã

Acabei de acordar. Tomei um iogurte, arrumei a cama, peguei este caderno e esta caneta. Aqui escrevo. É com uma vontade louca que escrevo. Escrever qualquer palavra que seja. Tenha ela significado ou não. Meitzulaidnoc, jitolaibud. Nem eu mesma me entendo, não entendo. Mas sacio a vontade mais íntima, que não sossega enquanto lutdikefwmu. É o fim, meu Deus!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nada melhor que aqueles

Nada melhor do que ter amigos. Discurso clichê? Talvez. Nada melhor do que ter amigos que se deslocam do centro da cidade para lhe visitar do outro lado do mundo e, ainda por cima, assistir às aulas com você. Nada melhor do que ter amigos que saem de um dos centros universitários para o seu centro e fazem com que você saia da sua aula uma hora e meia mais cedo para ficar conversando besteira. Nada melhor do que ter amigos que sejam fuleiros e que lhe digam que não vão poder ficar para o programinha da tarde porque querem chegar cedo em casa para assistir ao jogo que irá passar na televisão. Nada melhor do que ter amigos que lhe acompanham para o bar mais próximo da universidade, mas que desistem com você logo que vêem que o recinto não está para peixe. Nada melhor do que ter amigos que decidem, depois de vários minutos, fazer uma feira de "bagulhos" e seguir para o laguinho da universidade. Nada melhor do que ter amigos que rasgam algumas páginas da sua revista favorita só por implicância, mesmo. Nada melhor do que ter amigos para gritar ao pé do ouvido por ter medo de um sapo e, com isso, dar algumas boas risadas pelo medo, também, de uma garota que estava ao nosso lado. Nada melhor do que ter amigos que quase te sufocam de tanto aperto, beliscões e derrubadas no chão porque a irmã ligou dizendo que tinha chegado em Recife. Nada melhor do que ter amigos que te fazem susto com uma simples folha seca passada no seu pé e te fazem gritar potencialmente com esse susto, provocando certo terror aos transeuntes do local. Nada melhor do que ter amigos com quem você pode cair na grama de tanto rir, com quem você pode passar horas falando sobre o nada, com quem você pode bater e espancar, com quem você pode dizer que odeia mesmo amando tanto, com quem você nem percebe a hora passar... Nada melhor do que ter aqueles amigos que você deseja passar o resto de sua vida. Pra sempre.

domingo, 5 de abril de 2009

Dialogando

- Cadê tua amiga Clarice?
- Hã?! que amiga?
- A dos livros.
- Tá aqui. Na pasta, no peito, na memória...

Sempre perto, perto do meu coração selvagem.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Parágrafo Para Uma Reflexão

Hoje, saindo de casa, me veio a seguinte reflexão: não há alguém que nunca tenha chorado. Calma! Repito: calma! Não me refiro ao choro daqueles que logo nascem. Não. Definitivamente não. Refiro-me, sim, àquele choro, o mais angustiado possível, ou o mais alegre, também. Refiro-me àqueles que sem mais saber como agir, choraram. Refiro-me aos fortes. Refiro-me, talvez, àqueles que deixam gotas de um possível mar saudoso escorrerem em suas faces. Ah, os navegantes - aqueles que sentem saudade antes mesmo de partir.

(continua...)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Desencontro

Amava o seu cheiro. Amava a sua falta de jeito. Amava o seu sorriso, a sua voz. Amava o seu abraço. Amava a sua paciência, a sua paz. Amava o seu olhar. Amava a sua roupa. Amava cada gesto seu, sem nem notar. E o mais bucólico era amá-lo antes mesmo de o encontrar.




*Postagem feita para Julianna, que, com sua brilhante frase de apaixonada, fez com que eu escrevesse algo sobre.

Desestruturando

Insônia, correria, calor, aulas, ESTRESSE.
Sono, pés, suor, professores, ESTRESSE.
Dormir, sentar, frio, férias, paciência...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Literatura Portuguesa 1

Hoy yo he pensado en ti. En verdad, no hay un sólo día que no pienso en ti. A veces no sé lo que ha pasado aquí, en mi cabeza; tampoco sé si es en mi corazón. Tal vez el miedo de quererte, tal vez el miedo de sufrir demás, mismo cuando tengo certeza que me quieres también. Para mí es más difícil de lo que piensas: es lo imposible. He caminado por calles oscuras sin saber que rumbo seguir, y entonces, por un instante, pensé que iba encontrarme contigo... todo ha cambiado: corazón, cabeza... una cosa solamente. Y es ese el problema: ser racional demás. Pero tú, tú me había dicho para no tener miedo, me has dado un abrazo y me has dicho que una sonrisa ancha podría cambiar todo, o mucha cosa. En seguida, sonreí para ti, sin sentir miedo algún sólo con la esperanza, algo que me hacía falta por todos los dieciocho años en que he vivido.

sábado, 7 de março de 2009

Quando Foi Outra (5)

Não. Chegando em casa não haveria mais o som da televisão com os narradores de jogo de futebol; não haveria o barulho pertinente dos chinelos arrastados pelo corredor; não haveria o incômodo que se tinha ao escutar o ronco barulhento no quarto ao lado. Não haveria ele, mas haveria o não. Pegou umas peças de roupa preta e saiu. O não, para Sandra, tornara-se mais do que um advérbio.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quando Foi Outra (4)

Não. Não poderia chover. Não naquela noite. Algum motivo especial? Mau augúrio. Mas acontecera o pior: não choveu; apenas trovejava e relampejava sem parar. Era o pior pelo simples fato de não haver significado algum, embora para Enzo, com certeza, houvesse, sim. Seria os relâmpagos e os trovões algum sinal dos céus?, pensou Helena. Sandra, àquela noite, de fato inesquecível, não conseguia pensar em mais nada. Fechar os olhos já lhe custava muito, um martírio pequeno, mas martírio. Sim. Ela era mártir de si.

Eis que o médico que cuidava de Enzo, chama, em particular, a esposa dele. Um tímido medo tomava conta de Sandra naquele instante. Silêncio: era o único som que se ouvia até o momento em que Helena se agarra aos 1,90m que estava na sua direita e começa a gritar aquelas frases soltas, sem sentido, num corredor que não parecia ter fim. Por quê?, gritava Helena, Por que, meu Deus?

Sandra, com seus passos firmes, se aproximava daquela cena como se jamais fosse poder fazer com que seu pai a escutasse. Era tudo vibração. Abriu a porta do quarto e encontrou apenas a matéria: o que quer que fizesse seu pai falar e sentir já não estava naquela cama; a alma, o espírito... sequer ficou para um último adeus. Mas que coração débil tinha o meu pai, murmurava Sandra. "Somos demasiado covardes, demasiado débeis; a atração à análise, à auto-análise torturadora e profunda é simplesmente mais uma forma da artificialidade dos humanos", mas ela lembrava das palavras de Neruda.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Off

Carnaval, me espere que aí vou eu!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Quando Foi Outra (3)

19h. Era esse o horário o qual Sandra costumava dormir. Ela gostava do número sete. Ela se interessava por mitologia. O mito de Pandora era o seu preferido.
Enquanto tomava seu café-da-manhã, Helena, a madrasta, ouvia o noticiário, no rádio. Uma desgraça acontecera: a Torre de Pisa havia desmoronado. Salve as Pirâmides do Egito, pensou Sandra.
Esse acontecimento rendeu conversas quase sem fim durante as refeições, por três dias consecutivos. Faltava assunto. Faltava assunto até o momento em que Enzo, pai de Sandra, infartou no banheiro. Castigo dos Astros, gritava Helena. Cale a boca, murmurava Sandra.
O caos estava estabelecido. A morte parecia rir distraidamente para Enzo, enquanto ele estava inconsciente, deitado numa cama de hospital. No corredor, Sandra refletia. Reflexão esta que poderia esperar para o próximo minuto. Logo ela, logo ela que pensava que a morte jamais a encontraria... e hoje, justamente hoje, a morte está mais perto do que um dia imaginara.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quando Foi Outra (2)

Embora chocolate fosse o seu doce preferido, ela sempre abdicava qualquer derivado do cacau. O motivo disso? Pena, um dos sentimentos que menos ocupava seu coração, mas o enchia de dúvidas.
Sem nenhum motivo aparente, Tiago, seu primo de 2º grau, decide lhe fazer uma visita. Sandra não gostou muito da ideia, mas educada ela ainda era. A qualquer pergunta feita, ela procurava responder com algum monossílabo ou uma frase com apenas três palavras.
- Vamos brincar, Sandrinha!
- Não.
- Por que não?
- Porque não quero.
- E eu vou fazer o quê, então?
- Vá brincar sozinho.
- Mas sozinho não tem graça...
- Então morra!
Sandra gostava de verbos e da palavra 'não'. Seu pai, por isso, a achava uma pessoa com energia negativa. Era astrólogo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Quando Foi Outra

Sandra sempre fora uma garota de comportamento diferente. Diferente, não estranho - como pensavam seus colegas de sala e vizinhos. Houve um tempo em que Sandra decidira procurar o significado da palavra 'autista', já que esta palavra era proferida várias vezes ao dia por sua madrasta ao se referir à ela, sua enteada. Ao descobrir um possível significado do vocábulo, mas não a interpretação de tal para a sua madrasta, Sandra resolve pôr em prática a sua própria interpretação: o egocentrismo. Não dividia seus problemas com ninguém, não dividia suas alegrias com ninguém, não dividia sua companhia com ninguém: ela mesma se bastava. E suportara aquilo com uma naturalidade que assustava quem não a conhecesse. "Que menina auto-suficiente", diziam os outros. Mas Sandra nunca se importava muito com os outros.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Sinceramente

Será que dizer a verdade é ser, necessariamente, cruel demais? Desculpe a sinceridade caso você, que está lendo isso, não concorde comigo; mas eu sou a favor da verdade, por mais nua e crua que ela seja.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Da Fuga

As vezes em que eu tive vontade de correr, eram as vezes em que eu não podia realizar tal ação. Situação, lugar, pessoa, coisa. Seja qualquer destes citados, a vontade de fugir é grande! Há quem pense que fugir é covardia. De fato, algumas vezes é. No meu caso, por exemplo, é pura falta de jeito/costume, ou até impaciência, mesmo. Em altos níveis de estresse, querer fugir é uma alternativa; às vezes não muito boa, mas uma alternativa. Hoje eu não estou estressada, nem pretendo ficar. A falta de jeito em lidar com certas ocasiões me deixa atordoada... E é aí que sigo seguindo(?) uma das minhas não tão constantes alternativas: a fuga.

E fujo, sem me despedir.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Alzira

Qual mulher nunca sonhou em ser a musa inspiradora de Lenine? Ouvindo a música Alzira e a Torre, Lenine me fez recordar dos meus dias, vamos dizer, incomparáveis no Recife Antigo. Da Livraria Cultura ao Marco Zero. Da Rua da Moeda à Praça do Arsenal. Do Capibaribe ao Borba Filho. Como diria a mãe de uma amiga minha: quanta presepada!

Vai do bêbado assustador da Rua do Bom Jesus ao vendedor (ou vidente?) de amendoim da Rua da Moeda; dos micos super relembrados do Carnaval enquanto a Gabriela aqui gritava "Olha ali, gente! Lenine deu tchau pra mim! Tchau, meu amor! Espero você em casa, viu?". Ou até brigar com os policiais da tropa de choque porque eles queriam tomar o nosso lugar, o lugar estratégico pra assistir ao show DELE... "Gabriela, cala a boca! Tu queres ser presa, é?"; e eu, sem noção do perigo, pra variar um pouco, "Quero ver qual deles tem a coragem de me prender! Ah, eu quero ver!".

Na verdade, eu acho que não quereria ser a musa inspiradora dele, não. Bastaria que ele soubesse que ele, por muitas vezes, já foi meu muso inspirador. Como essa postagem, de agora. No último show dele, ele me ouviu. Enquanto ele cantava uma música, eu me virei pra minha amiga e disse "ah, se ele cantasse Todas Elas Juntas Num Só Ser... mas pra quê eu disse isso? Pra quê, pra quê, pra quê? Só faltou ele dizer "essa vai pra você, Gabi!". Tá bom, não exageremos... Quer dizer, não exagero. Mas ah, Lenine! Ah, Lenine... Só você me faz ficar 10h em pé para assisti-lo cantar Hoje Eu Quero Sair Só.

Mas, Zequinha, não fique com ciúmes, OK? Te ligo mais tarde!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do Que Está Por Vir

Permita-me existir.
E, de fato, existo...

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

X & Y

When something is broken
And you try to fix it
Trying to repair it
Any way you can







It's hard to explain...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Lost

Férias desde o dia 26 de novembro de 2008. Aí já viu, né? Chega uma hora em que a mazela pega, e pega bem! Daí, eu, uma pobre aluna universitária, sem mais dinheiro para bancar as minhas saídas constantes do meio para o fim das férias, me conformo em ficar em casa, mesmo. Ficar em casa fazendo exatamente o quê? Olhando incansavelmente para a cara dos familiares que passam aleatoriamente por aqui? Não! Optei por um vício chamado Lost. É! Aquela série estadunidense, mesmo. Que causou surpresa em uma amiga minha por eu a estar assistindo já que, segundo ela, eu não curto muito as coisas vindas de... lá.

Mas, gente, Lost me pegou de jeito. Nunca pensei que uma queda de avião em meio a uma ilha, aparentemente, deserta, fosse render tantos mistérios do jeito que rendeu e está rendendo. Questões espirituais, religiosas, físicas,naturais, de sobrevivência... Cada uma abordada com uma perspicácia de primeira. Tá, é fato que algumas são meio que "avacalhadas", mas a maioria é fantástica. Eu pensava, sinceramente, que eu apenas iria assistir a alguns episódios e... pronto. Depois voltaria a fazer nada versus nada em casa. Mas aí a série conseguiu explorar, em mim, sentimentos. Vez por outra eu me pegava dando pause no dvd para rir sem parar de alguma frase dita por algum personagem; ou, às vezes, eu me pegava chorando rios e rios com alguma cena tocante. Vendo a série, eu consegui rir, chorar, ter medo, criar expectativas, ficar ansiosa... e ficar com medo de mim. É, medo de mim. Medo do que eu, um simples ser humano, sou capaz. E, parem tudo, por favor: que atores - é, me refiro aos atores do sexo masculino, sim - são aqueles, hein? Assim qualquer Kate ou qualquer Claire gostaria de ficar lost com aqueles homens-de-prata. Eu sei, eu sei, sei que esse foi um comentário ridículo, mas dai a César o que é de César, hm? E claro que os criadores da série foram espertos com esse detalhe, né? Qual adolescente à beira de uma explosão hormonal não ficaria 24h vendo a série só porque os atores são bonitões, hm? Ô colírio!

Eu só sei que o meu vício era (tá, confesso: ainda é!) tão grande que a cada vez que eu ia na locadora para pegar uma temporada, eu pegava logo o primeiro dvd da temporada seguinte; já para não correr o risco de nenhum psicopata, como eu, pegar tal temporada. Só que... só que um SAFADO pegou a terceira temporada mesmo sem estar completa! Pegou e ainda por cima pediu para que a atendente da loja ligasse para ele para que o mesmo fosse buscar o dvd que eu iria entregar. Isso é um absurdo! Isso não se faz! Não com uma pobre-garota-mazelada no fim de férias. E cá estou eu... na abstinência, na solidão, na mazela! É assim mesmo, não é? Deixo que o conformismo me acompanhe...

Enfim, deixando tamanha bobagem de lado... cheguei, recentemente, à conclusão de que eu só viciei nessa série, nada mais, nada menos, porque ela é um drama. Sim, um drama! E eu, euzinha aqui, que nem gosto de um. Hehe!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Premonição?

Vocês acreditam em sonhos premonitórios? Dia desse sonhei que grampeavam meu umbigo! Q
Estou com (bastante) medo disso...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fato

Eu não sei falar de amor. Mas tomo o meu café amargo e vejo a hora passar.







quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cadernos

Que engraçado! Hoje peguei o caderno da faculdade. Um dos quais eu usei, na verdade. E estou escrevendo esse texto, de agora, nele; só depois que digitarei. Não, não. Engraçado não foi tê-lo pego. Engraçado foi ter pego mais uns dez cadernos que minha mãe resolveu colocar em cima do meu guarda-roupa (continua guarda-roupa ou virou guardarroupa?) para que eu desse fim àquilo tudo. Não posso. Tenho Síndrome de Esquilo.
Pegando os dez cadernos, resolvi rever os dois do meu 1º ano do ensino médio. Quantas mudanças 2005 trouxe para mim! E ainda posso me lembrar perfeitamente do primeiro dia de aula; e de outros também, tudo com a ajuda dos cadernos. Eles sabem tanta coisa sobre mim. Tanta Matemática, tanta Química, tanta Literatura, tanta Filosofia... e tudo isso porque eu insistia em acreditar que copiando cada suspiro do professor, eu aprenderia mais. Se um ser humano erra, por que uma marionete da Indústria Vestibular não poderia?!
Já no 2º ano as coisas eram diferentes. Quem sabe não era a semente querendo florescer? Querendo deixar o galho e cair no chão. Ah, o meu 2º ano! Os cadernos eram todos à base de conversas. Uma matéria que deveria ter quarenta folhas só possuía quinze; as outras eram arrancadas por uma causa nobre: salvar-me do tédio que as aulas de exatas me proporcionavam. As tintas das canetas registravam tudo. E nos cadernos, além de conversas com mais de seis páginas, haviam as batalhas-navais, a forca, os jogos-da-velha, os nomes-lugares-objetos... E no 3º ano, a terapia musical. Quantas vezes eu e minhas amigas deixávamos de assistir a mais de três aulas, cada uma com cinquenta minutos, para curar nosso estresse com a terapia musical? Perdi as contas! E quantas vezes a Biologia virava História, Literatura, Geografia e Espanhol?
Meus cadernos eram meninos inteligentes e confiáveis. E ainda são. Mas só até o momento em que eu decidir rasgar, folha por folha, a construção de (quase) toda uma história. E a cada vez que eu abrir mais um caderno meu, lembrarei das suaves palavras de Leminski:
"abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri
antigamente eu era eterno".

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ele não foi

Pode ser doidice minha ou, até mesmo, falta de atenção. Mas, hoje, uma coisa me foi estranha: eram dezoito horas e dez minutos e, aqui em Recife, o sol não tinha ido embora. Cadê a noite?!
Ou o mundo está mudando, ou eu estou ficando muito louca, viu?
Vou deixar meus entorpecentes de vez... e tenho dito!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hedonismo Medonho

Sabe, hoje eu tirei parte do meu dia para ler alguns blogs. Acho que li mais de cinco, o que já é demais para mim, visto que eu leio cerca de 25 postagens de cada blog. Lendo tais blogs cujos endereços prefiro não citar, eu senti uma coisa. Eu senti que o ser humano sente um prazer insaciável ao falar mal dos outros. MinhaNosssaSenhoradoPerpétuoSOCORRO! Geeentz, que hedonismo medonho é esse, hein?

Tá, tá. Tenho que admitir que falar daquelas pessoas é muito bom; você se sente aliviado em falar tudo (de ruim) que acha e tudo mais. Mas peeeeeeraí, pessoal! Falar de gente que você nem conhece?! Por exemplo: falar dos artistas nacionais; falar dos atores hollywoodianos; falar do papagaio do "vizinho" que mora na terceira rua à direita, cerca de 3km de distância com a sua casa... Tende misericórdia, ó, Senhor! Como diria minha tia-avó: Me poupa, por favor, hein?!
Eu acho que essas pessoas deveriam se preocupar mais é com a própria vida delas. E não sair por aí procurando outra vida mais interessante para viver. O problema é que isso dá Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.


OBS: E cá estou eu falando mal desse povo todinho que desconheço, HAHAHA!
"O mundo gira, um mundo é uma bola".

sábado, 10 de janeiro de 2009

Nós

Sou o drama
Ele, o orgulho.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Verdade

Eu sou muito besta. Eu sou muito idiota. Eu sou muito abestalhada. Eu sou muito tabacuda. Eu sou muito tonta. Eu sou muito toupeira. Eu sou muito doente. Eu sou muito perturbada. Eu sou muito doida. Eu sou muito demente. Eu sou muito lesa. Eu sou muito ridícula.
E o pior de tudo: todos tinham razão!

domingo, 4 de janeiro de 2009

Fale Comigo

É chocante o fato de alguém estuprar uma pessoa em coma, não é?! Mas e se esse alguém amasse essa pessoa? Ainda, assim, seria estupro, certo. Porém, o choque que você levaria ao saber disso seria o mesmo? Contudo, lendo isso que escrevo, creio que sim. E ainda consigo me questionar: e se você estupra essa pessoa em coma, e se você a ama, e se você é preso por tal delito cometido, e se você, no final de tudo, se mata por essa pessoa pelo "absurdo" que cometera... será que é possível considerar-se culpado? ...
Sabe aquela briga entre a cabeça e o coração?! Pois é. Esse filme, desde que o vi, faz meus pensamentos virarem de cabeça para baixo. E quando isso acontece, meu coração e cabeça brigam constantemente, insaciavelmente. Mas meu coração, como de costume, não me decepciona: ele grita, fala mais alto, se impõe. E é aí que eu não acho nada disso errado. Mas aí minha cabeça, forte como sempre, entra, novamente, no jogo e abafa todo o grito do músculo incansável que vive na minha caixa torácica.
Almodóvar, por favor, fale comigo!