domingo, 31 de julho de 2011

Do que Nunca Acontecerá

Tou esperando que você, definitivamente, me diga adeus. Porque você sabe, né? Essas coisas de despedidas nunca fizeram parte das minhas relações. Nunca precisei dizer “Ei, você volta?” ou “Tchau, até a próxima!”. Que volta? Que próxima? O que é isso tudo, por favor?! Dia desses, eu ‘tava na parada, esperando a minha lenda de cada dia nos dai hoje, quando um flanelinha olhou pra mim e perguntou se eu ‘tava indo pra casa. Nunca gostei de dar satisfação a quem conheço, imagine pra estranhos! Pois é, desculpa, eu só ‘tava comentando... E, sabe, pensei, agora, em sentar numa mesa lá na Moeda só pra ver a rua, mesmo. Ver o movimento dos carros estacionando nas poucas vagas que lá estão, as pessoas caminhando e olhando pras calçadas pra ver se tem alguém conhecido, os garçons entrando e saindo freneticamente nos bares. Esse negócio de ser flaneur é interessante, né? Ai, toda vez eu esqueço que você nunca entende “esses troços em língua de outro mundo”. Mas, poxa vida!, hein, Arthur? Tou, aqui, falando há quase 5h sem parar e você nem pra concordar com a cabeça? Ou murmurar um “uhum” bem sem graça? Quer saber? Quer saber, mesmo?! Vou deixar que lhe cremem! Num era isso o que você tanto queria? Ser cremado, jogado no Capibaribe e blá blá blá? NUM ERA ISSO, ARTHUR? ME DIZ! ME RESPONDE! FALA COMIGO! ME DIZ ADEUS, CARAMBA! Tá vendo só como você, ainda assim, consegue ser egoísta? Não me disse adeus e tampouco deixou que eu, pela primeira vez na vida, pudesse me despedir de alguém. Seu nojento!