terça-feira, 28 de abril de 2009

28/04/09

Qual pessoa acordaria às 5h15 da manhã para ter uma aula que só irá começar às 9h? Pergunto mais: qual estudante se arriscaria a chegar por volta das 6h45 na universidade, comprar cinco chicletes e um jornal que traz como manchete principal "MULHERES SEM PENA DOS PINTOS", sentar num chão nada limpo, ouvir Tribalistas e escrever esse texto?
Talvez uma desocupada em potencial que poderia dormir mais uma hora já que gosta tanto de dormir. Ou talvez uma preocupada com os serviços de transportes coletivos da sua cidade e, por isso, não arrisca seu "bem-estar". Mais ainda: uma das poucas pessoas que faz questão de apreciar, sem nenhum motivo aparente, a temperatura amena que faz de manhãzinha na sua cidade, ouvir o canto de alguns passarinhos que instem em cantar em sua janela e observar as pessoas andando nas ruas com um caminho certo, mas sem rumo, sem destino. Chuviscava pela manhã.

sábado, 25 de abril de 2009

Questionando

No transporte coletivo, filho pergunta a mãe:
- Mãe, o galo voa?
- Não.
- E por que ele tem asas?

Qual?

Qual palavra utilizar para designar aquele que não tem sentimento?
Gabriela.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mortífera

Não vou mentir. Tenho medo da morte. Tenho. Tenho, sim! E não me acho mais covarde por isso. Também não vou dizer que me acho a mãe-coragem por isso. Apenas tenho medo. Não sei se uso morte com letra maiúscula ou minúscula, ela me enche de dúvidas. Medo da morte, também medo de morrer. E é por isso que escrevo essas palavras anexadas ao delírio. Eu não gostaria de morrer sem dizer algumas coisas, mais do que fazer. Mas dizer já é fazer, não? 
Achei que fosse escrever aqui tudo, ou pelo menos tentar, o que eu queria dizer. Mas não vou. É cansativo só de pensar. Acho que vou começar a andar com uma cartinha meio que suicida na bolsa. Um resumo básico (pleonasmo?) do que eu gostaria de dizer aos meus parentes, aos meus amigos e àqueles que eu nem cheguei a conhecer. Escreverei. Porém não hoje, nem amanhã, nem esse ano. Vou tentando adiar a morte, enganando-a como posso. Ou imaginando que.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Devaneio

Se antes eu reclamava que o pôr-do-sol estava demorando a ser iniciado, hoje reclamo que a noite está chegando rápido demais. A melancolia e o mistério de um começo noturno exalam uma sutil solidão. Solidão que, de certa forma, crescerá quando as gotas de chuva a acompanharem. É com ternura que as flores se fecham, que o sol se vai, que a lua chega, que a brisa transporta qualquer pensamento solto para aqueles que acordam lá. A sensação inefável que um demasiado humano sente ao pôr a cabeça fora da janela contrapõe-se ao mais ilegal sentimento de hoje. Liberdade. A loucura, pensava eu quando criança, é loucura. Os loucos causam inveja. Inveja por fazerem e dizerem qualquer coisa sem receio de que possa parecer real ou não. É tudo uma questão de ponto de vista. Interesso-me por saber se as borboletas vivem mais que três dias. Natureza selvagem, repito. Inimaginável é crer que as coisas estão em permanente mutação. Antes. Agora. Depois. É a inconstância que nos mantém alheios ao real. Ou seria o contrário? Diversões à parte, ninguém conhece a alegria plena. Eu conheço. Sou um tanto quanto paradoxal, mas me repito sempre. Às vezes chego a pensar que a falta de intimidade é o que me assusta. Calma. Falo da falta de intimidade daquelas pessoas íntimas. Mentira finca bases destrutíveis, assim como toda verdade também. É gélida a noite. Mas mais gélida ainda é a minha sanidade. Saudade vã.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Às vezes

Às vezes sou peixe. Durmo acordada e respiro. Às vezes também tenho sonhos. Mas só às vezes.

Sabe?

Eu não sei, sabe? Eu não fui, sabe? Eu não tenho, sabe? Eu não digo, sabe? Eu não leio, sabe? Maldita hora em que saí de casa!

Eles

Eu os vi de dia
Eu os vi de noite
Os vi pelas ruas vazias
Os vi por todos os lados

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Chamado

Pedi que me telefonasse. Não sei a quem pedi. Não sei a que santo, a que força, a que alguém. Mas era você que deveria telefonar, alvo de meu pedido, de todo um desejo incondicional. Estou com sono, acho que vou morrer, mas amanhã eu acordo e outra alma estará neste corpo que não é meu, que não é seu nem nosso. Outros ouvirão o meu chamado. E outros virão.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

De Manhã

Acabei de acordar. Tomei um iogurte, arrumei a cama, peguei este caderno e esta caneta. Aqui escrevo. É com uma vontade louca que escrevo. Escrever qualquer palavra que seja. Tenha ela significado ou não. Meitzulaidnoc, jitolaibud. Nem eu mesma me entendo, não entendo. Mas sacio a vontade mais íntima, que não sossega enquanto lutdikefwmu. É o fim, meu Deus!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nada melhor que aqueles

Nada melhor do que ter amigos. Discurso clichê? Talvez. Nada melhor do que ter amigos que se deslocam do centro da cidade para lhe visitar do outro lado do mundo e, ainda por cima, assistir às aulas com você. Nada melhor do que ter amigos que saem de um dos centros universitários para o seu centro e fazem com que você saia da sua aula uma hora e meia mais cedo para ficar conversando besteira. Nada melhor do que ter amigos que sejam fuleiros e que lhe digam que não vão poder ficar para o programinha da tarde porque querem chegar cedo em casa para assistir ao jogo que irá passar na televisão. Nada melhor do que ter amigos que lhe acompanham para o bar mais próximo da universidade, mas que desistem com você logo que vêem que o recinto não está para peixe. Nada melhor do que ter amigos que decidem, depois de vários minutos, fazer uma feira de "bagulhos" e seguir para o laguinho da universidade. Nada melhor do que ter amigos que rasgam algumas páginas da sua revista favorita só por implicância, mesmo. Nada melhor do que ter amigos para gritar ao pé do ouvido por ter medo de um sapo e, com isso, dar algumas boas risadas pelo medo, também, de uma garota que estava ao nosso lado. Nada melhor do que ter amigos que quase te sufocam de tanto aperto, beliscões e derrubadas no chão porque a irmã ligou dizendo que tinha chegado em Recife. Nada melhor do que ter amigos que te fazem susto com uma simples folha seca passada no seu pé e te fazem gritar potencialmente com esse susto, provocando certo terror aos transeuntes do local. Nada melhor do que ter amigos com quem você pode cair na grama de tanto rir, com quem você pode passar horas falando sobre o nada, com quem você pode bater e espancar, com quem você pode dizer que odeia mesmo amando tanto, com quem você nem percebe a hora passar... Nada melhor do que ter aqueles amigos que você deseja passar o resto de sua vida. Pra sempre.

domingo, 5 de abril de 2009

Dialogando

- Cadê tua amiga Clarice?
- Hã?! que amiga?
- A dos livros.
- Tá aqui. Na pasta, no peito, na memória...

Sempre perto, perto do meu coração selvagem.