sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Primeiro Capítulo

Desde agosto desse ano, percebi que mudei muito. Quer dizer, algumas coisas na minha vida mudaram. Nunca fui daquelas garotas obcecadas por academia e dieta. Definitivamente, não. Mas depois de tanta insistência de uma amiga minha e, consequentemente, com a abertura de uma academia relativamente perto da minha casa, resolvi me matricular em uma. Sim. Já havia frequentado quando criança por imposição da minha mãe, mas dessa vez foi por vontade própria; aliás, quase. Daí em diante, comecei a perceber alguns costumes antes pouco reparados, novos vícios, novos hábitos. Sempre fui da geração 100% preguiça. Acordava super tarde, não tomava café-da-manhã, mal almoçava, comia muita besteira na universidade, jantava pouco. Não curtia nem pensar em atravessar a rua, quem dirá andar dois metros. Subir os dois lances de escada do meu centro, na universidade, era como subir os degraus para chegar até o satélite da Terra.
Agosto foi como um pontapé da consciência que estava adormecida há alguns anos. Outra Gabriela nascia. Tá, nascer é um pouco de exagero, mas posso dizer que outra Gabriela... Hm, não sei. O que sei é que “quem me viu, quem me vê” não consegue notar muita diferença. Mas, para mim, que convivo comigo, obrigatoriamente, todos os dias, todas as horas, minutos e segundos, eu mudei à beça. Diariamente, acordo às 5h15. Passei a tomar café-da-manhã – tudo porque meu corpo é fraco. Almoço melhor, mas ainda peco neste ponto. Estou tomando quase dois litros d’água, que para mim não diz nada, não acredito nesses mitos sobre os dois litros d’água que vagam por aí. Hoje posso andar dois metros sem me cansar, até 5, 6, 9... Passei a me viciar mais em mostarda. Descobri que amo o Trident de canela. Estou comendo menos carne vermelha, como prometido no início desse ano – só não compus a música que prometi fazer para Lenine. Estou sendo obrigada, pelo calor da minha amada cidade, a tomar cerca de cinco banhos por dia. Ultimamente, venho, ainda com mínima frequência, pagando meia-entrada para o Inferno: CDU-Várzea (vale salientar que por castigo de Deus, por estar cometendo este 8º pecado capital, fui parar em um bairro muito gracioso da cidade do Recife: Monsenhor Fabrício). Estou ficando mais chata do que já era, mas sem perder a educação – às vezes. Estou me preocupando menos em tentar manter uma conversa com uma pessoa com a qual não tenho sequer a intimidade de saber o ônibus que pega para ir para casa. E agora estou percebendo outra coisa: sempre prezei pela minha privacidade começando por não contar detalhes da minha vida, muito menos os meus sobrenomes, para Deus e o mundo; no entanto, estou cá contando coisas que jamais me imaginaria contando sequer para um tio meu que não me vê há quase dois anos.
Esse ano foi engraçado, está sendo. Não sei se estou começando a perceber as coisas pelo fato de, de certa forma, acreditar que o Fim está próximo, mas sei que coisas estranhas, de fato, acontecem. Estou procurando me preocupar menos, sem nunca perder aquela minha velha mania da responsabilidade. A velha pontualidade mais-que-britânica ainda me persegue. Meu humor até que varia, mas acho que não perdi sua essência. Continuo apaixonada por bem-casado, mesmo estando comendo mais brigadeiro. Permaneço amando a Literatura, a Língua Espanhola. Clarice Lispector ainda é minha musa inspiradora. Pablo Neruda ainda me faz chorar. Pitomba ainda é minha fruta preferida. Meus amigos são os mesmos, meu amor por eles também, com exceção da intensidade que sempre aumenta. Todo mês ainda compro a Revista Astral para ver o que Bidu tem a me dizer. Continuo preocupada com os problemas do mundo, mesmo tendo desistido de boa parte dele. Continuo odiando ter que acordar cedo e pegar ônibus lotado. Detestando a injustiça, a falta de respeito e fígado e galinha guisada. Sempre cansando de alguma pessoa, embora no outro dia já não esteja tão cansada dela assim. Sempre mudando, sempre permanecendo. Mas nunca esquecendo que é tempo. Tempo de ser.

2 comentários:

Alisson da Hora disse...

Veja bem: você conheceu a mim!E melhor: conheceu aquele belo cachorrinho de gravatinha (Lulu?Dudu?)lá em Monsenhor Fabrício!Almoça Trident, que eu tô ligado...mas veja o lado mais importante de tudo: nunca passas sequer por perto do Terminal da Macaxeira...

sortuda!

Bruna disse...

Eu adoro essa lengalenga de dizer que o amor pelos amigos só aumenta, patati, patatá. O que eu vejo é só desprezo (quer dizer, se eu posso ser considerada tua amiga, né?).

Falando sério agora... Mude. Mude sempre e muito, mude pra melhor. Cresça mas tenha sempre contigo a bicha abestalhada que ri das piadas mais sem-graça do mundo.
Ah. E não despreze tanto azamiga.