sábado, 28 de junho de 2008

Programa-de-índio

O que fazer numa tarde de sexta-feira enquanto há boatos de greve dos motoristas em sua cidade? Quiçá ligar para o seu amigo, o seu companheiro de aventura, para chamá-lo para um pseudo-programa legal. Hora e local marcados para o encontro, seguimos em uma viagem de, mais ou menos, meia hora. "Meia hora uma cebola! QUARENTA minutos!". Chegando ao local de nossa programação, seguimos diretamente para o cinema para comprarmos o nosso ingresso. A sessão seria, pontualmente, às 16h15min. Faltavam longos cento e quinze minutos para o início do filme. Enquanto isso, fomos procurar o que fazer. E o que achamos? Nada! Até aí tudo bem, né! Quando já se aproximava da hora de nossa sessão, nos encaminhamos para a sala do filme. Assistimos ao filme, estilamos com o chulé alheio, demos algumas risadas e pronto: estava dada a largada para a nossa aventura. São Pedro não havia nos dito que Noé iria descer à Terra para a construção da sua segunda Arca. Saímos debaixo de uma chuva - leia-se TORÓ -, dividindo um guarda-chuva super-mega-hiper pequeno. Tá, não tem pra quê reclamar, né? Antes um guarda-chuva na mão do que dois voando. Voando? Eu disse voando? Pois é, caros amigos, a ventania quase levou a coleguinha de vocês aqui com ela. No meio da parada, Gabriela começa a gritar por socorro e Tiago berrando "Seguuuuura, Paulicéia Desvairada!". Até aí tudo bem, sabe!? Ruim é quando o ônibus inventa de não passar justamente quando mais precisamos. Parece que ele até adivinha, né? Não, não o ônibus. O motorista, claro. Mas eu ainda acho que ele faz isso de propósito e com propósito. Só pode! Depois de vários ônibus com sentido fim-de-mundo, Tiago me obriga a entrar num ônibus o qual eu não sabia nem para onde iria. Mas discutir com ele foi algo impossível, sabe? "Vaaaai, Gabi! Entra logo! O ônibus vai lotar, Gabi, entra!!!" Depois de um argumento fatal como esse, seria loucura não entrar logo, né? Pra nossa sorte, ainda havia lugares pra sentarmos. De repente, como quem não quer nada, o ônibus lota! E uma mulher acompanhada de dois homens resolvem conversar. Nós, eu e Tiago, como não tínhamos o que fazer, ficamos escutando a conversa deles. Atentos à tamanha intelectualidade, quase pusemos as tripas pra fora ao ouvir a mulher dizer em alto e bom tom "É que eu gosto muito do povo da Índia, sabe? A cultura indígena é muito bonita. Os índios são pessoas 'blablablá'." Nossa, gente! Nossa! Eu juro que eu tentei me segurar para não rir, mas ao ver a cara de Tiago ao ouvir tamanha perspicácia, não pude evitar: caí na gargalhada. Mas sem deixar de ser discreta, claro. Discreta? Eu quase que me jogava da janela! Eu só poderia estar louca ou surda. Mas não, o pior é que eu não estava nem louca, nem surda. Senhor, tende piedade da humanidade! Depois de vários embrulhos em nosso estômago, decidimos descer do ônibus e ir andando pra casa de Tiago. Agora me respondam PRA QUÊ! Que invenção foi essa? A invenção rendeu dois toupeiras chegando ensopados em casa, com um frio de la miséria e cansados.




Mas agora eu fico me perguntando: que graça teria sido o nosso programa se ele não terminasse sendo um programa-de-índio, hm?!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Preguiça

Depois de tantos gritos inúteis clamando por minha mãe, eu resolvo, diretamente do meu quarto, ligar para a minha casa. Sim. Para a minha casa. Só assim, provavelmente, minha mãe responderia aos meus apelos.


- Alô! (?)
- Mãe?!


(silêncio)


- Diz, Gabriela!
- Ó, a senhora esqueceu de comprar o vanish.
- Não, não. É que ainda tem um cheio lá no armário.
- Ah é? Ah, então tá!
- Eu num acredito, não, Gabriela! Eu num acredito, não!
- Hã? O que foi, mãe?
- "O que foi"? VAAAAAAI, toupeira Mizoca! Desmiolada!
- (risos incontroláveis)

tu tu tu tu tu tu ...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Purgatório


Final de ano. Aula de Física. Turma misturada em humanas, exatas e saúde. Parte da turma sentada na frente, muito atenta, sugando até a última gota de conhecimento do ser que se encontra no palco. A outra parte, porém, encontra-se dispersa, conversando, lendo algum livro interessante, estudando qualquer outra matéria, trocando bilhetinhos ... Bilhetinhos? Pois é, pois é, pois é. Não há meio de comunicação mais eficiente para tirar você do tédio e não atrapalhar a aula (não que você não queira atrapalhar a aula. Claro! Você não quer ouvir reclamações do professor e , muito menos, ser mandado para a coordenação.).
Eu, totalmente imersa nas letras da minha melhor apostila, começo a não ter mais paciência de fazer nada e resolvo mandar o meio de comunicação mais eficaz para a minha amiga que senta atrás de mim (Júlia, vulgo Jubs):

"Jubs! Eu quero uma bazooka pra me matar! BOOM! Morri!"

Jubs numa tentativa de me ajudar, ou não, responde:

"Olá, Gabi Alminha! Seja bem-vinda à morte! Mas quero te informar que mesmo estando morta ainda faltam dois minutos de aula!"

Ela bem que poderia trocar o "ainda" pelo "só", não é? Mas não ... ela quis enfatizar que eu, mesmo depois de morta, ainda iria sofrer DOIS MINUTOS até chegar ao paraíso: a hora da saída (lê-se liberdade)! Eu, já conformada com a minha estadia no purgatório, respondo apenas:

"Eu num 'güento mais essa aula! Já fiz a apostila de Espanhol quase toda! ¬¬"

Ela, Jubs, vendo o meu estágio profundo de depressão misturado com o tédio, diz:

"Relaxe, pô! Todo mundo aqui atrás já se matou, inclusive eu! Buuuuuuuuuu...!"

É aí que eu paro um pouco, reflito a situação e imploro ao Senhor: meu Pai, se o purgatório for igual a uma aula de Física, me mande direto para o inferno, O.K.? Sem escalas!



sábado, 21 de junho de 2008

questionamento inocente


Onde aprender a odiar para não morrer de amor?


Clarice Lispector

aquilo que MATA!


O pulso ainda pulsa


O pulso ainda pulsa


Peste bubônica, câncer, pneumonia


Raiva, rubéola, tuberculose, anemia


Rancor, cisticircose, caxumba, difteria


Encefalite, faringite, gripe, leucemia


O pulso ainda pulsa (pulsa)


O pulso ainda pulsa (pulsa)


Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia

Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia


Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria


Sífilis, ciúmes, asma, cleptomania


E o corpo ainda é pouco


E o corpo ainda é pouco


Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia

Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia


Brucelose, febre tifóide, arteriosclerose, miopia


Catapora, culpa, cárie, câimba, lepra, afasia


O pulso ainda pulsa


O corpo ainda é pouco

Ainda pulsa



Arnaldo Antunes.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Auto-reconhecimento

Estava eu no meu quarto tentando organizá-lo de qualquer forma. Não, não me refiro a deixá-lo de qualquer modo, estado ou maneira. Refiro-me, sim, em ajeitá-lo custasse o que custasse; e o que justamente me custava era apenas tempo, o que, ultimamente, tenho de sobra.

Comecei por uma das três prateleiras que ele, meu quarto, possui. Fui chegando à clara conclusão de que não consigo me desvencilhar de coisas antigas, de lembranças. A princípio isso me deixou cabisbaixa, mas logo em seguida fui arrebatada pela felicidade. Por quê? Porque lembrei que uma das coisas essenciais na vida de um ser humano é a lembrança.

Segui para a segunda prateleira. Lá pude observar o quão antiga que sou. Nossa! Em plena Era Digital, Gabriela ainda possui inúmeros CD's, um microsystem e um BINÓCULO. Vocês têm noção do que eu tou falando e a que ponto eu consegui chegar? Pois é. Isso sem comentar das fotografias expostas em porta-retratos belíssimos. (onomatopéia de tosse, por favor!)

Bom, chegando na terceira prateleira, pude perceber que eu sou uma das causadoras do desflorestamento da Amazônia (que membros do GreenPeace jamais leiam isso). A quantidade abusiva de cadernos, livros (já, já vira uma biblioteca), pastas repletas de papéis, revistas de cunho astrológico (é, essa cultura é essencial para mim. E se dane quem riu ao ler isso!) ... Meu Deus, eu sou uma pecadora de alto grau, mas não me mande para o inferno, tá, Deus? Eu prometo plantar outro pau-brasil no canteiro cultivado por minha avó, está bem?

Então, após várias perturbações psiquícas logo no início de minha arrumação, desisti. Minha consciência pesava demais, caramba; e isso me deixava assustada. O pior de tudo foi que, ao sentar numa das cadeiras da sala, eu me condenei ainda mais por não conseguir terminar o árduo trabalho do auto-reconhecimento provocado pela arrumação do meu canto, do meu refúgio, do meu quarto. O que uma maldita arrumação no seu quarto num provoca em você, hein?

Enfim, mas o que será que meu guarda-roupa me revelaria?(!)

terça-feira, 17 de junho de 2008

Ambos

Quinze anos de diferença: era o que perturbava a cabeça da doce jovem de dezenove anos. Uma garota inteligente, educada, com vontade de viver, sonhadora e sensível. Buscava, insaciavelmente, respostas para suas perguntas. Questionadora dos sentimentos, nunca ousaria senti-los sem saber seus significados. Seus pais nunca tiveram problemas com ela. Os únicos importunos causados por Laís eram as cartas e chamados do colégio para parabenizar os pais pelos méritos que ela alcançava. Passando no vestibular, Laís começou a conviver com gente de (quase) todas as idades, estilos e experiências. Enquanto estava tirando xerox dos livros que teria de ler para suas provas da semana seguinte, ela, desligada de si e do mundo, sem perceber pegou uma pasta, parecida com a sua, do homem que estava do seu lado. Chegando em casa, Laís vai direto ao seu quarto para ler e reler tais xerox tiradas há pouco. Começou por um capítulo qualquer e foi logo percebendo que o capítulo não tinha nada a ver com os livros. Foi então que ela percebeu que aquela não era sua pasta e foi logo conferir o nome do dono: Guilherme Diniz, aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo. Telefone: 75236081. Movida pelo impulso, Laís foi logo discando o número que constava na pasta. Depois de inúmeras tentativas mal-sucedidas, ela resolve ir atrás do tal estudante de Arquitetura na manhã seguinte. Por volta das 7h, ela recebe uma ligação: era o tal Guilherme. Eles marcaram a hora e local para fazerem a troca das pastas. Chegando ao local marcado, Laís se surpreende com marcas mais expressivas no rosto de Guilherme e lhe pergunta qual idade tem. Ele, com um leve sorriso no rosto e um brilho no olhar, responde que tinha trinta e quatro anos. Com a pouca experiência que Laís tinha, deixou-se levar por perguntas e mais perguntas que ele fazia. Despediram-se. Ao voltar para casa, ela percebe que só tinha três informações do indivíduo: o nome dele é Guilherme, tem trinta e quatro anos e faz seu mestrado em Arquitetura. Assustada com tal pensamento, ela decide telefoná-lo para "jogar conversa fora". Passados alguns dias, Laís se dá conta que está apaixonada por um homem quinze anos mais velho que ela. Não suportando tamanha perturbação, ela se joga do vigésimo primeiro andar de seu apartamento. Guilherme ao saber do acontecido, tomou veneno para morrer. Ambos não suportaram as dores que sentiram. E ambos, sem saber, se amavam.


Gabriela Medeiros.

domingo, 15 de junho de 2008

Na pressão


Olho na pressão, tá fervendo, olho na panela. Dinamite é o feijão cozinhando dentro do molho dela. A bruxa acendeu o fogo, se cuida aí, rapaziada! tem mandiga de cabôco mandando nessas parada. Garrafada de serpente, despacho de cachoeira; quanto mais o fogo sobe mais a panela cheira. Olho na pressão, tá fervendo, olho na panela. Dinamite é o feijão cozinhando dentro do molho dela. A bruxa mexeu o caldo, se liga aí ô, galera! tá pingando na mistura saliva da besta-fera. Chacina no centro-oeste e guerrilha na fronteira, emboscada na avenida, tiro e queda na ladeira. Mas feitiço é bumerangue perseguindo a feiticeira.
Lenine

sábado, 14 de junho de 2008

Quando o coração quer falar


É extremamente estranho lembrar que uma amizade começa com um simples "oi" ou um grande silêncio entre duas pessoas. Construir uma amizade, nos dias atuais, não é uma tarefa tão fácil como se pensa, até porque uma amizade para ser chamada de AMIZADE, mesmo, precisa de vários outros sentimentos. Um dos sentimentos indispensáveis para a solidificação dela (a amizade) é a CONFIANÇA... é o sentir-se seguro, é o confiar de olhos fechados, é o pôr sua mão no fogo por alguém, é o saber-que-pode-contar pro que der e vier. É daí que decorre os vários outros tipos de afeições pela pessoa querida.
Ser amigo é saber ouvir o outro, é respeitá-lo e desrespeitá-lo (é, isso mesmo!), é saber os defeitos do outro, é saber as qualidades, é brigar/discutir por coisas sérias ou bobagem, é ter tempo de jogar conversa fora, é ter intimidade o suficiente para desligar o telefone quando não se quer falar, é dar o seu ombro para quando o outro quiser chorar, é ser cúmplice nas aventuras e loucuras, é dar um leve sorriso quando escuta uma música e lembra do outro, é ter implicâncias e depois de segundo esquecê-las, é não ter vergonha de dizer "eu te amo". Amigo é coisa rara, amigo é sinônimo de irmandade, amigo é essencial.
A amizade é tão mais complexa que o significado dado pelo Aurélio. Amizade é saber que, mesmo você estando no Brasil e seu amigo lá na Inglaterra a um oceano de distância, nada vai conseguir modificar o que já foi sedimentado. E é saber, também, que ambos estarão contando os milésimos de segundo para se encontrarem e, aí, recomeçarem suas vidas com o pedacinho que lhes faltava no coração.

* post dedicado a minha amiga Bruna Caroline.


Gabriela Medeiros


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Santo Antônio, valei-me!


Segue para os leitores do blog algumas simpatias para Santo Antônio. Para quem não sabe, Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro! Se você está precisando de um namorado, de um noivo ou apenas de uma companhia ... é só apelar para Santo Antônio que ele te ouvirá! Ou não, né? Porque HAJA gente desesperada apelando nas simpatias para o Santo! Enfim, mesmo que você não creia nisso ou não seja católico, faça essas simpatias, como brincadeira, com seus amigos. E, depois, é só esperar para ver se dá certo, ou não! ;)


Simpatia de Santo Antônio


Acenda 1 vela vermelha, sobre 1 pires, ao lado de 1 imagem de Santo Antônio. Espere queimar até a metade e diga: "Santo Antônio casamenteiro, faz-me reconquistar meu amor, pois me sinto só. Seu poder é grande e sei que posso contar com a vossa ajuda. Assim seja!". No dia seguinte, acenda a metade restante da vela, repita a oração e deixe queimar até o fim. Jogue os restos da vela no lixo. Lave e volte a usar o pires como de costume.


Santo Antônio e o amor

Compre 1 medalhinha com a imagem de Santo Antônio e assista a uma missa com ela. Durante 1 semana, antes de dormir, segure a medalha e peça ao Santo para que você seja uma pessoa de sorte no amor. Reze 1 Pai-Nosso e 1 Ave-Maria. Guarde a medalhinha na sua bolsa ou carteira, carregando-a sempre com você.


Oração para arrumar um marido


"Santo Antônio, que sois invocado como protetor dos namorados, olhai por mim nesta importante fase da minha vida, para que eu não perturbe este tempo bonito com futilidades, mas o aproveite para um melhor conhecimento daquele ser que Deus colocou ao meu lado e para que ele melhor me conheça. Assim, juntos, preparemos o nosso futuro, onde nos guarda uma família que, com vossa proteção, queremos cheia de amor, de felicidade, mas, sobretudo, cheia da presença de Deus. Santo Antônio, padroeiro dos namorados, abençoai nosso namoro, para que ele transcorra no amor, na pureza, na compreensão e na sinceridade. Amém!"


Obs.: Simpatias retiradas da revista "Almanaque Astral".

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dá saudade


Deixo tudo assim, não me importo em ver a idade em mim. Ouço o que convém. Eu gosto é do gasto. Sei do incômodo e ela tem razão quando vem dizer que eu preciso, sim, de todo o cuidado. E se eu fosse o primeiro a voltar pra mudar o que eu fiz quem, então, agora, eu seria? Ah, tanto faz! E o que não foi, nao é. Eu sei que ainda vou voltar, mas eu quem será? Deixo tudo assim, não me acanho em ver vaidade em mim, eu digo o que condiz. Eu gosto é do estrago! Sei do escândalo e eles têm razão quando vêm dizer que eu não sei medir nem tempo e nem medo. E se eu for o primeiro a prever e poder desistir do que for, dá errado. Ah, ora se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim? Dispenso a previsão. Ah, se o que eu sou é, também, o que eu escolhi ser ... Aceito a condição. Vou levando assim, que o acaso é amigo do meu coração quando falo comigo, quando eu sei ouvir ...

Rodrigo Amarante
(E quem disse que não dá saudade? Dá, sim! E muita ...)

dozedejunho


Hoje, 12 de junho de 2008, você acorda, toma café, toma banho, conversa com seus parentes, depois retorna ao seu quarto e decide ligar a televisão. Muda um canal aqui, outro ali, e se depara horrorizado(a) com um comercial de Dia dos Namorados. Você se toca que, neste dia tão ... romântico, você está SOLTEIRO(A)! Apavorizado(a) com tamanha consciência de um verbo de ligação, você se apressa em desligar a tevê. Decide pegar o jornal do dia para ficar a par das notícias da cidade quando, novamente, você se depara com umas propagandas ridículas articulando um poder inevitável da compra de um presente para o seu(a) namorado(a), o que você não tem. Você, já cansado(a) de ouvir e ler sempre a mesma coisa, decide entrar na Internet para abstrair. Entrando no MSN, você dá de cara com nicks do gênero "Amor, hoje é o nosso dia", ou "feliz Dia dos Namorados, gente!". Não suportando mais a idéia de estar solteiro(a), você sai do MSN e resolve procurar algo interessante em algum blog da vida. É aí que você, provavelmente, estará lendo este texto e pensando "putaqueopariu, eu devo ter colado chiclete na Cruz em algum dia 12 de junho!". Mas calma, colega! Aproveite o dia de hoje para sair pelas ruas e ver a quantidade de solteiros que, também, estão curtindo este 'maravilhoso' dia. Aproveite, também, para tirar uma ondinha com aquele(a) seu(a) amigo(a) comprometido(a), dizendo a ele(a) que ele(a) está lascado(a) por estar de coleirinha justo hoje que você ia convidá-lo(a) para ir a uma boate para dar uns "pega".
A vida de namorado é bom, caros amigos. Mas a de solteiro ... ha ha ha (6)!



quarta-feira, 11 de junho de 2008

Recife da minha infância ...




Recife

Não a Veneza americana

Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais

Não o Recife dos Mascates

Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois

— Recife das revoluções libertárias

Mas o Recife sem história nem literatura

Recife sem mais nada

Recife da minha infância


(...)


Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.



Manuel Bandeira

Help!


HELP!

I NEED SOMEBODY

HELP! NOT JUST ANYBODY

HELP! YOU KNOW I NEED SOMEONE

HELP!


WHEN I WAS YOUNGER SO MUCH YOUNGER THAN TODAY

I NEVER NEEDED ANYBODY´S HELP IN ANY WAY

AND NOW THESE DAYS ARE GONE

I´M NOT SO SELF ASSURED

NOW I FIND I´VE CHANGED MY MIND

I´VE OPENED UP THE DOORS


HELP ME IF YOU CAN I´M FEELING DOWN

AND I DO APPRECIATE YOU BEING ´ROUND

HELP ME GET MY FEET BACK ON THE GROUND

WON´T YOU PLEASE, PLEASE HELP ME?


AND NOW MY LIFE HAS CHANGED IN OH SO MANY WAYS

MY INDEPENDENCE SEEMS TO VANISH IN THE HAZE

BUT EVERY NOW AND THEN I FEEL SO INSECURE

I KNOW THAT I JUST NEED YOU

LIKE I´VE NEVER DONE BEFORE


HELP ME IF YOU CAN I´M FEELING DOWN

AND I DO APPRECIATE YOU BEING ´ROUND

HELP ME GET MY FEET BACK ON THE GROUND

WON´T YOU PLEASE, PLEASE HELP ME?


WHEN I WAS YOUNGER SO MUCH YOUNGER THAN TODAY

I NEVER NEEDED ANYBODY´S HELP IN ANY WAY

AND NOW THESE DAYS ARE GONE

I´M NOT SO SELF

I FIND I´VE CHANGED MY MIND

I´VE OPENED UP THE DOORS


HELP ME IF YOU CAN I´M FEELING DOWN

AND I DO APPRECIATE YOU BEING ´ROUND

HELP ME GET MY FEET BACK ON THE GROUND

WON´T YOU PLEASE, PLEASE HELP ME?



HELP ME HELP ME WUUU.




DIÁLOGO DE TODO DIA


- Alô, quem fala?

- Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.

- Mas eu preciso saber com quem estou falando.

- E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.

- Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.

- Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.

- Ah, sim. No aparelho não está ninguém.

- Como não está, se você está me respondendo?

- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.

- Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?

- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.

- Não parece. Se fosse para me servir, já teria dito quem está falando.

- Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não conhece o outro.

- Se eu conhecesse não estava perguntando.

- Você é muito perguntador. Note que eu não lhe perguntei nada.

- Nem tinha que perguntar. Pois se fui eu que telefonei.

- Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer pessoas.

- Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefona.

- Estou respondendo.

- Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?

- Pela última vez, e em nome da segurança, por que sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?

- Bolas!

- Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não está aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga de uma vez por todas: com quem deseja falar?

Silêncio.

- Vamos, diga: com quem deseja falar?

- Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci. Tchau.



Carlos Drummond de Andrade.

Os Desastres de Sofia


"E eu era atraída por ele. (...) Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um adulto (...). Ele me irritava. De noite, antes de dormir, ele me irritava. (...) Eu queria o seu bem, e em resposta ele me odiava. (...)Tornara-se um prazer já terrível o de não deixá-lo em paz. (...). Bem devagar vi que o professor era (...) muito feio, e que ele era o homem de minha vida. (...)— Você — repetiu então ele lentamente como se aos poucos estivesse admitindo com encantamento o que lhe viera por acaso à boca —, você é uma menina muito engraçada, sabe? Você é uma doidinha... — disse usando outra vez o sorriso como um menino que dorme com os sapatos novos. (...) Não, eu não era engraçada. Sem nem ao menos saber, eu era muito séria. E não, eu não era doidinha, a realidade era o meu destino, e era o que em mim doía nos outros."



Clarice Lispector