segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pagando Meus Pecados

Perdido. Alguém consegue se perder de si? Situação caótica a qual eu me encontrei hoje; não me encontrei, me perdi. Refletindo sobre tal situação, pude comprovar, de fato, que o sono é um ótimo "iludidor" ótico. Um mágico, eu diria. Como é possível uma pessoa se guiar pelo primeiro e último número do ônibus sabendo que há um terceiro número no meio mas que não olha. É nisso que dá pagar passagem para o inferno. Sorte minha que só pago "meia-entrada". Engraçado foi ter dito a uma amiga minha que seria uma vergonha me perder na minha cidade natal. Preciso controlar esses meus pensamentos. Acho que foi a primeira vez que dormi no transporte "público" de Recife. A Avenida Caxangá passou a ter uma curva para a direita... Estaria eu no bairro da Várzea? Ah, sonho meu! Um primeiro pensamento foi o de ficar até o terminal da linha e voltar com outro motorista para a tão querida Caxangá. O problema foi o fim chegar. Nunca esperei tanto por um fim - ou já esperei? O que houve, minha filha?, diz o motorista. Acho que peguei o ônibus errado, moço, e agora?, murmuro quase morrendo. Aquilo não poderia estar acontecendo com uma garota com quase 19 anos na cara que anda de ônibus faz um século. Até que desço do ônibus e... SIM!, isto estava acontecendo comigo. Que lugar era aquele, meu Deus? Crianças quase nuas me rodeando, um cachorro de gravata mordendo quem passava na rua, um garoto com deficiência mental empinando uma mini-pipa de papel (juro que vi a hora de ele querer pegar meu caderno pra terminar sua pipa), um jovem avisando ao motorista que estava ali... Não que no meu bairro não tenha isso, claro. Mas tudo parecia aguçado demais aos meus seis (SIM, seis) sentidos, principalmente ao sexto - que me alertava que a aventura não pararia por ali. Vinte minutos depois, embarco em um outro ônibus da mesma linha. Motorista e cobrador rindo horrores da minha cara. Não seria normal uma estudante que queria ir para a Cidade Universitária parar em Monsenhor Fabrício, seria? Ao ter a peculiar mania de sentar na parte de trás do ônibus, só fiz, como dizem por aqui, papel de palhaça - coisa que já é comum visto que, ao que parece, tem escrito tal informação na minha testa. A cada lombada, eu via, pelo retrovisor, e ouvia as risadas de prazer do motorista ao me ver pinotando naqueles assentos confortabilíssimos. Eu poderia ter desenvolvido uma hérnia de disco, sim? Foi triste. Foi triste ouvir minha mãe perguntar gritando se eu não sabia ler. Mas paguei os meus pecados. Paguei os meus pecados e os pecados de todos aqueles que um dia eu conheci. Quase me tornei Jesus. Para completar, em plena Encruzilhada (sugestivo, não?), quase ia morrendo atropelada. Antes fosse por um ônibus. Mas por uma moto? JAMAIS! Que pare.

2 comentários:

Bruna disse...

e quando eu penso que ela não poderia piorar a situação, ela avacalha - com classe.
e nunca esqueça. 432 é diferente de 422.

Alisson da Hora disse...

RONALDO!