quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cadernos

Que engraçado! Hoje peguei o caderno da faculdade. Um dos quais eu usei, na verdade. E estou escrevendo esse texto, de agora, nele; só depois que digitarei. Não, não. Engraçado não foi tê-lo pego. Engraçado foi ter pego mais uns dez cadernos que minha mãe resolveu colocar em cima do meu guarda-roupa (continua guarda-roupa ou virou guardarroupa?) para que eu desse fim àquilo tudo. Não posso. Tenho Síndrome de Esquilo.
Pegando os dez cadernos, resolvi rever os dois do meu 1º ano do ensino médio. Quantas mudanças 2005 trouxe para mim! E ainda posso me lembrar perfeitamente do primeiro dia de aula; e de outros também, tudo com a ajuda dos cadernos. Eles sabem tanta coisa sobre mim. Tanta Matemática, tanta Química, tanta Literatura, tanta Filosofia... e tudo isso porque eu insistia em acreditar que copiando cada suspiro do professor, eu aprenderia mais. Se um ser humano erra, por que uma marionete da Indústria Vestibular não poderia?!
Já no 2º ano as coisas eram diferentes. Quem sabe não era a semente querendo florescer? Querendo deixar o galho e cair no chão. Ah, o meu 2º ano! Os cadernos eram todos à base de conversas. Uma matéria que deveria ter quarenta folhas só possuía quinze; as outras eram arrancadas por uma causa nobre: salvar-me do tédio que as aulas de exatas me proporcionavam. As tintas das canetas registravam tudo. E nos cadernos, além de conversas com mais de seis páginas, haviam as batalhas-navais, a forca, os jogos-da-velha, os nomes-lugares-objetos... E no 3º ano, a terapia musical. Quantas vezes eu e minhas amigas deixávamos de assistir a mais de três aulas, cada uma com cinquenta minutos, para curar nosso estresse com a terapia musical? Perdi as contas! E quantas vezes a Biologia virava História, Literatura, Geografia e Espanhol?
Meus cadernos eram meninos inteligentes e confiáveis. E ainda são. Mas só até o momento em que eu decidir rasgar, folha por folha, a construção de (quase) toda uma história. E a cada vez que eu abrir mais um caderno meu, lembrarei das suaves palavras de Leminski:
"abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri
antigamente eu era eterno".

2 comentários:

Bruna disse...

Gente?
Gabriela?!
Caraca, agora eu tive noção do quanto eu sinto falta das conversas e terapias...
Porque... Comassim ter que assitir uma aula inteira?
Hã?!

Unknown disse...

Xará véi, só tu pra guardar essas coisas!
Os meus estão no lixo faz tempo :P
Muito massa o texto!