domingo, 30 de agosto de 2009

Itinerante

Não poderia ser pior. Sua ausência num domingo à noite, a ausência de si mesma. O sangue em busca das veias para chegar ao coração que pouco pulsa. A disritmia relacionada ao desalento de um domingo qualquer, de um desassossego interior. O chá esquecido, deixado frio numa xícara de café. A tela multicolorida, um Pinochet. A misericórdia de Deus ao proporcionar a esperança de uma nova semana. O quebradiço jeito de andar. As misteriosas vozes que nada dizem, nada falam, silenciam. O tango argentino tocado ao modo do sentir. Brusca inteligência. O cansaço visual, a proibição da leitura. O que poderia ser pior? Lâmpadas apagadas, a luz no fim do quarto, a sorte, a segunda à espera da terça. O (des)amor.

Um comentário:

Alisson da Hora disse...

"Sua ausência num domingo à noite, a ausência de si mesma."

E depois do domingo vem a inevitável segunda-feira. E a gente fica mais ausente ainda.