sábado, 26 de dezembro de 2009

Entre Parênteses

(Meu Deus! Pensei que esse ano nunca fosse acabar. Cada semestre me pareceu um ano. Longo e longo, sem fim. Não vou dizer que 2009 foi um ano, de todo, mau. Deve ter tido suas coisas boas, para os outros - talvez pra mim, também. O engraçado é que cada novo ano, para mim, se torna uma incógnita. Ah como era doce ter a certeza, meio que uma programação, de tudo o que aconteceria no ano que se aproximava! Doce nostalgia.
Mas, sabe, apesar de ser o desconhecido um dos meus medos, às vezes é gostoso senti-lo dar olá. E dou olá, com medo de me despedir.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Que Verdadeiramente Dói

Certamente eu estava cansada. A universidade conseguia consumir as últimas gotas de paciência que me restavam. E ainda sou, ou estou, paciente. Paciente de um médico. Este, ah!, este não me deixa dormir sem algumas pastilhinhas. E eu que pensava ser coisa de gente doida tomar essas coisas. Nem me dou ao trabalho de decorar os nomes dessas pastilhas. São tantas! O engraçado é que todas as caixas vêm com uma tarjinha preta, diferente das caixas que vejo nas vitrines das farmácias. Ruim é ter sempre que mostrar ao farmacêutico um papel com a assinatura do meu médico. Digo assinatura porque os rabiscos acima dela são incompreensíveis, não deve ser nada.

Sim, eu acordava. Acordava umas 7 vezes durante o sono. Muito ruim, muito ruim. E eu não tinha sonhos. Pelo menos eu não me lembrava de nenhum. Era uma escuridão sem fim, nos meus olhos. E todos os dias eu via o sol nascer. Ele nasce, ele morre. Todos os dias. Incansavelmente. O mesmo acontece com a gente: a gente nasce, a gente morre. Acho que ao dormir somos estagiários para a morte. Deve ser por isso que não consigo dormir, ultimamente.

Essa semana entrei de férias. Vou passar alguns meses sem ser consumida pelo meu cansaço mental. Lembro que meu médico pediu que eu o visitasse assim que as férias chegassem. Só não lembro se era no consultório ou na casa dele. Também, não importa... não sei onde ele mora, mesmo. Cansei, sabe? Cansei de ser perguntada com as mesmas perguntas de sempre. “Quantas horas está dormindo?”, “Está se alimentando direito?”, “E bebendo água, está?”. Eu detesto dar satisfação a desconhecidos. E a médico, então, nem se fala! Só faço isso por causa da minha mãe, que anda chorando pelos cantos com medo que eu tenha um peripaque. Ah, eu não entendo. Sou uma pessoa tão saudável! Só cansada.

É que abrir os olhos dói, respirar dói, sorrir dói, mexer os dedos dói. Dói tudo! Isso cansa, pede muito de mim. Disseram, outro dia, aqui no quarto do hospital, que, por sinal, tem uma maca extremamente desconfortável, que eu tinha muita força. Respondi que não. Porque se eu tivesse, eu não acharia que viver dói, e muito.