sábado, 30 de maio de 2009

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Sei lá. Eu não sei. Só sei que me deu um aperto imenso no peito. Assistindo a um vídeo do YouTube, senti como se hoje fosse meu último dia, sabe? Senti saudade de tudo, de tudo mesmo. Deixei que centenas de lágrimas caíssem dos meus olhos. Saudade da vida. Vontade de gritar para os quatro cantos do mundo o quanto amo cada pessoa que mora no meu coração. Vontade de viver cada minuto, cada segundo como, de fato, fosse único e último. Viver intensamente. Vontade de parar o trânsito da Avenida Caxangá ou a Avenida Governador Agamenon Magalhães para agradecer a Deus por ter saúde, ter amigos e ter família. Vontade de aumentar o volume do som que está tocando um dos meus cantores preferidos. Vontade de me lançar na chuva quando tudo o que mais quero é me lançar nessa roda-viva. Vontade de ajudar. Impotência. A esperança. É a luta incansável. É a vida.
Nós só temos a mínima noção do que é isso quando alguém muito querido da sua família passou por algo muito parecido, e com muita fé, força, carinho e esperança, esse alguém conseguiu vencer aquilo que se entendia por impossível.
O vídeo? http://www.youtube.com/watch?v=O8Vhhlg1HaE
Força, Aline! Força e perseverança! Você não está sozinha!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando Foi Outra (6)

Sete pessoas. Era essa a quantidade de pessoas que estava no velório. Enzo não era tão querido. Ou melhor, as pessoas tinham medo da sua profissão, por isso a não aproximação. A alma dele estaria triste ao ver poucas pessoas, cinco corbelles, duas velas e um corpo humano? Antes ser uma centopeia repleta de patas. Antes ser uma flor cheia de pétalas. Antes não ter existido. Oito. Oito pessoas, agora. Sandra acabara de chegar. Única sem óculos escuros, única com laço roxo no pescoço, único amor puro, única a não chorar. Para ela, era fácil demais olhar um corpo que dormia; difícil era ter a consciência do que é a morte. Mistério este que homem nenhum se atreve a desvendar. Helena já não cabia em si. Sem marido, sem filhos, sem os passos virados para o futuro. Os mortos sabem mais que os vivos, pensava Sandra ao olhar para o caixão. Na hora do sepultamento, Sandra resolveu se jogar à sete palmos do chão. E sete pessoas sobraram.

sábado, 23 de maio de 2009

Es locura

Eu sempre ando sem tempo para nada. Ou melhor, eu não sei mais o que é ter tempo para nada. Aliás, perdi a noção do tempo faz duas semanas. Mas ainda consigo, em meio a tanta tarefa, ligar o mp3 e ler Saramago. Hoje a bexiga de São Pedro estava cheia e ele, sentindo o clima da moradia do anjo decaído, resolveu mandar alguns milímetros de água benta. Às vezes chego a pensar que tanta água caída do céu provém de tanto suor evaporado dessa população pernambucana. Metade é meu, digo logo. Qualquer dia desses iremos trocar os ônibus por botes, barcos e afins. Depois de ter praticado quase 7km rasos – ou nem tão rasos assim-, me deslocando de Recife (Bruna, sem brincadeiras, ok? Eu moro em Recife, SIM!) para Olinda, eu decido me sentar para descanso antes dos infartos múltiplos que me esperavam. Não demorou muito para que um dos seres estranhos daquele lugar viesse me procurar. Passou por mim, e não falou nada. Voltou para sabe-se onde. Retornou para o lugar onde eu estava, e, mais uma vez, permaneceu em silêncio. Esse menino é estranho, penso eu. Ele carregava algumas folhas na mão direita; percebo, então, que estas foram escritas para mim, visto o modelo delas. O menino voltou para o corredor ao lado, meio trêmulo por sinal. Daí começar a minha agonia e minha impaciência e minha alegria. Vergonha é um caso sério. Ou seria timidez? Eu não mordo à luz dia, gato. Só à noite. Não vê meus dentes afiados? Uso óculos escuros porque não tenho colírio. Sou vampiro, sim?, penso. Até que a coragem do menino chegou. Que rufem os tambores, por favor. Posso entregar?, ele pergunta. Claro, respondo. Dois segundos de silêncio. É tema novo?, silêncio quebrado. E o menino corre, corre com pernas de quem foge. Mas foge de quê, meu Deus? Boa tarde, ainda gritei.

domingo, 17 de maio de 2009

Íris

O céu em fúria. Não permitiam a minha resposta ao meu medo. O ônibus cessava o meu grito. Difícil é acreditar que logo cedo, horas atrás, eu havia visto um arco-íris. Mundo louco, louco mundo. Eu prefiro ficar só, só pensando no que o símbolo feito em um anel pode significar. Uma estrela para uma estrela. O brilho eterno.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Río Abajo

Uma preguiça sem fim tomava conta dela. Nos dois sentidos, mesmo. A possuía e dela cuidava. Uma segunda-feira vazia, uma fria manhã. Acordou e sentiu o cheiro de terra molhada. Pela janela viu a chuva cair, vontade louca de quedar. A cama é abrigo com o seu lençol e os quatro travesseiros; o devaneio de qualquer coisa é sempre abrigado pela sua mente. Não houve primeiro pensamento quando acordou, apenas conclusões: respiro, hoje é segunda, lá fora chove. Um chamado ecoava pela casa. Era ela mesma chamando sua avó. A preguiça era tamanha para se levantar e pegar o telefone no quarto ao lado. Há aula neste dia chuvoso. Poderia ser manhã de domingo, não? Mas não é. Havia o banho, havia o almoço, mas havia a sua cama. Não há preguiça para responsabilidades. Houve o banho, houve o almoço, houve a vontade de ficar, mas não houve a coragem. O dia merecia uma boa poesia. Na verdade, era ela quem precisava. Olhou para a mesa e não pensou uma vez sequer: Neftalí Reyes. Era ele. Era aquele. O rio invisível que corta a sua vida, rio cujas vertentes até podem ser sentidas. Saiu. Pensou no transporte que não vinha, nos amigos que lhe importam, no atraso que sucederia, na vida que se segue. Obrigada, meu Deus, posso andar. Lembrou que o livro estava na pasta, mas preferiu não ler. Esperava por um momento. Não o certo, mas o esperava. Permitiu-se escrever um texto, não quis arriscar o acaso de uma página daquele livro. O caso é perigoso demais. Sua vida, pelo menos neste dia, estava pacata. Os perigos só existem fora de seu corpo, com a velocidade da brisa, a distância de uma nuvem para a outra, o barulho automotivo. O receio do não. A simplicidade do sim. A incerteza do talvez. Talvez devesse abrir o livro, talvez devesse deixá-lo permanecer fechado. Mas só talvez. Ela gostaria de ouvir o que aquele chileno tinha para lhe contar. Abriu o livro e havia na página aberta um último verso: Irmão, sem que tu saibas, chegará a morte... Não poderia ser visto verso mais fugaz. Sua melancolia transparecia no seu mau humor. Nada estava errado, nada estava certo. Era por isso que carregava um invisível rio em suas veias...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cultura Brasileira

Enquanto isso, no orkut:

"já são duas da manhã e eu não dormi quase nada só em pensar que o trabalho não iria acabar, anco passa esse esse castigo, o amante é meu livro, se eu não estudar por ele, eu não saberei demais..."

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sábado, 2 de maio de 2009

Revoltas Internetianas

Enquanto isso, no orkut:

tuxo, meu querido, eu, como boa brasileira, desisto! vou-me embora para o quarto, lá sou amiga dos travesseiros, terei os sonhos que eu quero, na cama que escolherei!

Dos Besteiróis Descobertos

22/04/09: hoje, fazendo o 1º exercício escolar (universidade Q) de Literatura Portuguesa, procurei utilizar o grande Aurélio. Ah, Aurélio, queria eu ter a tua sabedoria. Vi nele duas palavras que eu já havia visto, mas uma com um sentido diferente do que eu pensava e a outra... bem, é a outra.
Morgue!, dizia eu para os meus amigos, quando criança. HaHaHa. Nunca imaginaria, até hoje pela manhã, que tal palavra significa necrotério. Sorte deles que nenhum morreu. Imagine hoje o trauma que eu carregaria! Já não basta a vergonha de ser tachada como macumbeira, imagine isso. Não. Não mesmo. Sorte deles ou sorte minha? Sorte minha também. Mas guardaria comigo este segredo até a morgue. A outra palavra? Ah, mormente esqueci.

Cobrindo e Encobrindo

Hoje saí de casa. Despedi-me da minha avó e segui. Trinta minutos de espera, trinta minutos pensando em. Sigo para outro ponto de ônibus. Cinco minutos de espera, cinco minutos pensando se o transporte vem ou não. Entro nele, "boa tarde, moço" e me sentei ao lado de, talvez, uma estudante da língua inglesa visto o seu dicionário de inglês dentro da pasta. Tenho cara de médica? Alguns segundos passados para a possível estudante falar mal de Lula. "Desculpe, ele é meu tio", deu vontade de dizer. A gripe suína a assusta. Se um mexicano vier para cá, ela se mata. "Desculpe mais uma vez, mas sou da Cidade do México". Deveria ter dito essas coisas conhecidas como "foras", mas dei satisfação da minha vida. De que não assisti ao Globo Repórter porque estava no Cine PE, de que eu estava indo trabalhar, de que minha mãe havia visto parte do programa. Impensavelmente eu disse. Disse porque eu queria parar de pensar. Olhar para o lado direito e ver a imensidão do mar. Eu tive medo de citar o nome. Mas é um segredo que nem meu coração conseguiu descobrir. E cubro por inteiro.