quarta-feira, 27 de maio de 2009

Quando Foi Outra (6)

Sete pessoas. Era essa a quantidade de pessoas que estava no velório. Enzo não era tão querido. Ou melhor, as pessoas tinham medo da sua profissão, por isso a não aproximação. A alma dele estaria triste ao ver poucas pessoas, cinco corbelles, duas velas e um corpo humano? Antes ser uma centopeia repleta de patas. Antes ser uma flor cheia de pétalas. Antes não ter existido. Oito. Oito pessoas, agora. Sandra acabara de chegar. Única sem óculos escuros, única com laço roxo no pescoço, único amor puro, única a não chorar. Para ela, era fácil demais olhar um corpo que dormia; difícil era ter a consciência do que é a morte. Mistério este que homem nenhum se atreve a desvendar. Helena já não cabia em si. Sem marido, sem filhos, sem os passos virados para o futuro. Os mortos sabem mais que os vivos, pensava Sandra ao olhar para o caixão. Na hora do sepultamento, Sandra resolveu se jogar à sete palmos do chão. E sete pessoas sobraram.

2 comentários:

Alisson da Hora disse...

Mistérios indesvendáveis...

calo-me

Bruna disse...

é possível explicar, descrever, analisar, observar, o que acontece quando se morre. só não dá pra entender.