"Desde que tu te foste, experimento a amargura
infinita de haver-te calado tantas coisas:
de haver calado, mártir, esta branda ternura
que ocultei como é possível ocultar as rosas,
e de não te haver dito as palavras fragrantes
que eu trazia na boca cuidadas e submissas;
que esperei tantas vezes deixar sair vibrantes
mas sempre se gelaram num perverso sorriso.
Agora que te foste sofro o pesar intenso
de haver calado, mártir de mim mesmo, o imenso
tesouro de doçura que floresceu em amor.
Mas sei que se voltasses um dia à minha vida,
ao procurar em vão minhas palavras perdidas...
selaria os meus lábios o secreto amargor".
Pablo Neruda
* Só porque toda vez que leio esse poema, eu choro...
Um comentário:
Eu sei que estes versos te fazem chorar. Mas não é justo que façam a mim também.
"e de não te haver dito as palavras fragrantes
que eu trazia na boca cuidadas e submissas;
que esperei tantas vezes deixar sair vibrantes
mas sempre se gelaram num perverso sorriso."
E porque tu me conhece, sabe que isso, pra mim, é tortura, e dói, dói.
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