segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Nada Pode Ser Diferente

Ela ainda acreditava que poderia ser diferente. Que era diferente. Que era coisa de cinema, coisa de outro mundo. Um mundo, talvez, dos sonhos. Dos seus sonhos. Aqueles sonhos malucos em que ela é tratada mal, que é desprezada, que é notoriamente ignorada, mas que, não se sabe como, sente que é querida. Não sabe ela que aquele discurso de filósofos e poetas de boteco de que a vida é uma grande merda, de que a vida é o maior palco para os seres humanos, personagens-vazios-criados-por-uma-sociedade-massificadora, só é possível porque há o ópio. Amor: ópio puro da humanidade, consumido a cada milésimo de segundo por seres sobreviventes desta eterna loucura que é a vida. E ninguém sabe o que é, ninguém sabe definir. As canções, as valsas, as poesias, os poemas, as pinturas, as fotografias. Tudo. Tudo é uma vã tentativa, uma tentativa FRUSTRADA daqueles que não reconhecem em si o que nos outros reconhecem. E ela, e ela, e ela. Ela que não entendia nada de nada, porque entender era a sua maior tentativa. Acreditar, também. Mas, agora, isso já não é possível: ele sequer quis aparecer nos seus sonhos malucos. E descobriu que nada, absolutamente nada, era diferente.

Um comentário:

Bruna disse...

Danço eu, dança você na dança da solidão.